A cólica em bebê é um dos desafios mais comuns enfrentados pelos pais nos primeiros meses de vida da criança. Trata-se de uma condição transitória, sem riscos de vida e que não atrapalha no desenvolvimento dos pequenos.
Mas, apesar de benignas, podem ser muito incômodas porque o principal sinal é o choro inconsolável, o que gera uma condição desconfortável tanto para o bebê quanto para os pais.
É claro que o choro não acontece só nesta circunstância. Na verdade, esse sinal faz parte do desenvolvimento neurológico e comportamental do lactente. “É importante lembrar que a criança não chora somente pela cólica. Fome, sono, fralda suja e calor ou frio também são outros fatores que despertam irritabilidade.
O papel do pediatra é fundamental para fazer o diagnóstico, descartando outras doenças”, observa a neonatologista Hellen Soares Lima.
Por isso, é importante entender as origens dessa condição para poder identificá-la e, assim, tratar esses episódios de forma eficaz, proporcionando alívio ao pequeno e tranquilidade à família.
Sintomas de cólicas em bebês
O choro inconsolável é o principal sinal. Acontece normalmente no final da tarde ou à noite, de forma intensa e aparentemente sem motivo. Mas, como mencionado, a cólica pode não ser a única razão. Então como saber se o choro está ou não ligado a esse problema? Quando ele não desaparece quando as outras causas são descartadas.
Além disso, existem outros sintomas que sugerem o alerta:
- Agitação: indícios de inquietação e irritação, dificultando a calma e o sono tranquilo.
- Perninhas dobradas: durante um episódio, o bebê pode encolher as perninhas em direção ao abdômen, como se estivesse com dor.
- Gases: geram grande desconforto abdominal.
Quanto tempo dura a cólica de um bebê?
Há quase 70 anos existe uma definição conhecida como “a regra dos 3”. “Era definida assim por começar com 3 semanas de vida, ocorrer em pelo menos 3 horas no dia, em 3 dias da semana, com duração mínima de 3 semanas e máxima de 3 meses, tudo isso em uma criança absolutamente saudável” explica Tadeu Fernando Fernandes, pediatra do Departamento Científico Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Essa máxima ainda é considerada válida, mas não imperativa. Ou seja, há bebês que apresentam um período sutilmente mais longo ou mais curto. Em geral, elas começam por volta das duas semanas de vida e tendem a diminuir gradualmente até os três ou quatro meses de idade.
Se o distúrbio persistir para além desse período ou estiver interferindo no bem-estar e desenvolvimento da criança, é importante consultar o pediatra para descartar qualquer doença.
Quais as principais causas?
As razões exatas ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que as cólicas ocorram por uma combinação de fatores, com destaque para a imaturidade do sistema digestivo. “O bebê não tem bactérias no intestino que ajudam na digestão. Essas bactérias são adquiridas durante o aleitamento materno e auxiliam no desenvolvimento e maturação do intestino.
Os bebês que se alimentam de leite artificial tendem a apresentar mais eventos, pois esse tipo de alimento demora mais para fazer digestão”, ressalta a neonatologista.
Outras possíveis razões são:
- Intolerâncias alimentares: algumas crianças podem ser sensíveis a certos componentes do leite materno ou da fórmula infantil, como lactose ou proteínas do leite de vaca.
- Engolir ar: algo comum durante as mamadas, mas que pode provocar gases.
- Estresse emocional: mudanças no ambiente, excesso de estímulo ou falta de contato físico podem deixar o bebê estressado.
É comum existirem algumas dúvidas referentes à alimentação do bebê e à APLV, a alergia à proteína do leite de vaca. Confira as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria:
- Existe relação com a alimentação do bebê? A condição pode ocorrer tanto em crianças que recebem leite materno como única fonte de alimento ou naquelas alimentadas com fórmula infantil, mas, na prática, constata-se um aumento de casos quando há frequentes trocas nos tipos de fórmulas lácteas.
- A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) pode ser a motivação? Raramente, mas o pediatra deve ser consultado para verificar qual tipo de fórmula deve ser utilizada.
O que posso fazer para aliviar a cólica em bebês?
Embora não exista um tratamento definitivo, há várias estratégias que a família pode adotar para aliviar esse desconforto. “Primeiro é preciso manter a calma, pois o bebê sente o nervosismo dos pais.
Colocar o bebê em um ambiente tranquilo de pouca luz, sem barulho ou com música suave e manter o contato pele a pele é muito importante”, sugere Hellen. Outras opções muito eficazes são o banho, compressa morna na barriga e enrolar o bebê em forma de charutinho. “Não utilizar chás, trocar marcas de leite ou usar medicamentos sem a orientação do pediatra”, afirma a médica.
E você já ouviu falar das massagens? São técnicas que auxiliam a criança a liberar gases e evacuar, como o movimento de bicicleta (dobrar as coxas do bebê sobre a barriga) ou ainda a massagem circular no sentido horário.
Outra dúvida muito comum: mudanças na dieta da mãe ajudam? Depende. Se nenhuma das dicas mencionadas resolver, é válido tentar cortar alguns itens do cardápio, como laticínios, cafeína ou alimentos condimentados. Mas faça isso aos poucos e com acompanhamento profissional.
E se o bebê estiver sendo alimentado com fórmula infantil, converse com o pediatra sobre a possibilidade de mudar para uma fórmula de melhor digestão.
4 remédios para cólicas infantis
Além das medidas comportamentais e de estilo de vida, existem alguns remédios formulados especificamente para esse fim. É importante ressaltar que o uso de qualquer medicamento deve ser orientado pelo pediatra.
Alguns dos produtos mais indicados pelos especialistas são:
- Simeticona: reduz a formação de gases no trato digestivo, aliviando o desconforto abdominal do bebê.
- Buscopan pediátrico: indicado para tratamento dos sintomas, movimentos involuntários anormais das vias biliares e cólicas dos órgãos sexuais e urinários das crianças
- Probióticos: suplementos contendo bactérias saudáveis que equilibram a flora intestinal do bebê.
- Homeopatia: remédios naturais como Colidis, Colic Calm Suspensão e Colicaliv contém ingredientes naturais como a camomila que, por ter propriedades relaxantes, ajudam a aliviar o desconforto das cólicas em bebês.