Anti-inflamatório na gravidez: saiba o que pode tomar

Qualquer medicação durante a gestação exige cautela redobrada, pois isso irá refletir na saúde do bebê, influenciando o desenvolvimento fetal e até o parto – especialmente no terceiro trimestre. Nessa fase, o feto está mais vulnerável a complicações como fechamento prematuro do ducto arterioso (estrutura vital para a circulação fetal), diminuição do líquido amniótico (oligoidrâmnio), sobrecarga renal e alterações na pressão arterial. 

Por isso, é importante entender quais anti-inflamatórios e analgésicos são realmente seguros neste período. Confira as dez dúvidas mais comuns e saiba como cuidar do seu bem-estar e do seu pequeno!

1. Qual anti‑inflamatório grávida pode tomar para dor?

Os anti‑inflamatórios não esteroidais (AINEs), como ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco e outros, são geralmente contra indicados, especialmente no 3º trimestre. Alguns até são prescritos em casos excepcionais nos dois primeiros trimestres, sempre com orientação especializada.

Os mais recomendados, em ordem de preferência e com menor potencial de risco, são:

  1. Paracetamol – analgésico e antipirético.
  2. Dipirona sódica – usada com cautela.
  3. AINES – apenas se prescritos e por tempo limitado.

2. Por que os anti‑inflamatórios são contra‑indicados na gravidez?

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) costumam ser evitados devido aos problemas que tendem a representar tanto para o feto quanto para a mãe. Esses perigos variam conforme o estágio, o tipo de substância e a dosagem administrada. Nos primeiros meses, estão relacionados a um aumento na probabilidade de aborto espontâneo e anomalias congênitas. Já nos estágios finais da gestação, há chances de fechamento precoce do ducto arterial fetal (o que causa malformações cardíacas), redução do líquido amniótico (oligoidrâmnio), comprometimento da função renal e hipertensão arterial pulmonar no recém-nascido; e possíveis intercorrências no parto, como sangramentos após o nascimento, por efeito anticoagulante.

3. Gestante pode tomar Paracetamol?

Sim, com supervisão apropriada.
O paracetamol (acetaminofeno) é tradicionalmente considerado seguro quando usado nas doses recomendadas (geralmente 500–1000 mg a cada 6–8 h, sem exceder 4 g/dia). Trata-se de um medicamento eficaz para febre e dores leves a moderadas, além de ter baixo perfil de toxicidade quando usado corretamente. Contudo, é crucial seguir a posologia prescrita pois, em excesso, chega a causar lesão hepática.

4. Gestante pode tomar Dipirona?

Em alguns casos, sim, com aval médico.
A dipirona sódica é utilizada como analgésico/antipirético, desde que na dose indicada, já que oferece uma ameaça muito baixo de agranulocitose, uma condição rara de redução de glóbulos brancos. Leia mais aqui!

5. Gestante pode tomar Ibuprofeno?

Preferencialmente não. No 1º e 2º trimestres, esse medicamento chega a ser receitado em dose mínima e tempo reduzido. Já no 3º trimestre, o ibuprofeno é totalmente contraindicado, porque é possível que seus componentes provoquem fechamento prematuro do ducto arterioso fetal, hipertensão pulmonar e atrasos no trabalho de parto.

6. Gestante pode tomar Nimesulida?

Não se recomenda. Em alguns casos muito específicos a nimesulida é usada e sob estrita orientação médica e somente no início da gestação. Isso porque estamos falando de um AINE potente com alta probabilidade de efeitos adversos, como desequilíbrio fetal, potencial teratogênico (especialmente nos 1º trimestres), perigo de aborto e problemas renais no feto.

7. Gestante pode tomar Loratadina?

Sim. Embora a loratadina não seja um anti‑inflamatórios, está é uma pergunta bastante comum. A loratadina consiste, na realidade, em um anti‑histamínico usado para alergias (rinite, coceira). Como não pertence ao grupo dos AINEs, não apresenta os mesmos riscos obstétricos. Mesmo assim, reforçamos a importância de acompanhamento com obstetra, já que cada corpo tem peculiaridades.

8. Quando a grávida deve procurar um médico?

Para além do monitoramento periódico do pré-natal, é importante estar atenta a alguns sinais que exigem pronto-atendimento. Dentre elas:

  • Dor é intensa, persistente ou recorrente;
  • Febre igual ou superior a 38 °C;
  • Sintomas junto à medicação (náusea intensa, tontura, reações alérgicas);
  • Dor associada a sangramento vaginal ou sinais de parto prematuro;
  • História prévia de doença renal, hepática ou cardíaca.

9. Por que não posso repetir o anti-inflamatório após 12 horas?

Mesmo respeitando um intervalo de 12 horas entre as doses, o uso contínuo pode resultar no acúmulo da substância no organismo, aumentando significativamente os riscos para o bebê. Além disso, a repetição contínua, mesmo com intervalos, tende a afetar a coagulação da mãe e prejudicar o trabalho de parto. Por isso, a recomendação é de evitar completamente AINEs no último trimestre, salvo raríssimas exceções com prescrição e supervisão rigorosa.

10. Tomar suplemento que contém dipirona é seguro para gestantes?

A segurança no consumo de suplementos que contenham dipirona depende de diversos fatores: a composição completa do produto, a dosagem da substância, a frequência e o período gestacional. Embora a dipirona seja considerada relativamente segura em doses controladas, é possível que fórmulas combinadas mascarem os efeitos e dificultem o controle da quantidade ingerida. Além disso, alguns suplementos não têm estudos clínicos específicos que comprovem sua segurança.

Confira algumas recomendações gerais

  • Leia sempre a bula;
  • Nunca ultrapasse a dose recomendada;
  • Informe ao obstetra todos os medicamentos de uso contínuo (inclusive fitoterápicos, vitaminas e compostos naturais);
  • Evite combinações;

E lembre-se! O acompanhamento pré-natal como um todo é essencial para garantir a saúde da mulher e o desenvolvimento saudável do bebê. Durante as consultas, é possível identificar precocemente qualquer alteração, receber orientações sobre alimentação, utilização segura de medicamentos, vacinas e preparo para o parto. No Brasil, esse acompanhamento é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que disponibiliza consultas com obstetras, exames laboratoriais e ultrassonografias. Cuidar da saúde desde o início da gravidez é um direito de toda mulher — e um passo fundamental para uma gestação mais tranquila e protegida.

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