Dipirona na gestação: gestante pode tomar?

A gestação é um período delicado e repleto de transformações, demandando atenção especial aos cuidados com a saúde da mulher. É crucial que as futuras mamães estejam cientes de certas restrições, pois isso ajudará a garantir uma gestação saudável e segura. 

Nesse sentido, o uso de medicamentos é um dos pontos que mais gera dúvidas. O que a grávida pode ou não tomar? Saber quais remédios estão liberados é muito importante tanto para a saúde da mãe quanto do seu bebê. “Os riscos dos remédios durante a gravidez precisam ser explicados à grávida pelo médico obstetra logo na primeira consulta do pré-natal. Isso é particularmente essencial no Brasil, onde ainda temos o perigoso hábito da automedicação”, diz o ginecologista-obstetra José Mauro Madi.

A dipirona, um analgésico e antitérmico amplamente utilizado, é um dos produtos que geram incertezas sobre sua segurança durante a gravidez.

O que é dipirona e para que serve?

A dipirona, ou metamizol, é um medicamento analgésico e antipirético utilizado para aliviar dores e febres. Esses efeitos costumam surgir em 30 a 60 minutos após a administração e geralmente persistem por aproximadamente 4 horas. 

O uso de dipirona por mulheres grávidas tem sido objeto de debate devido à possível associação com complicações, principalmente no primeiro trimestre.

Grávida pode tomar dipirona?

Segundo a bula do medicamento, não existem evidências de que o medicamento seja prejudicial ao feto. Contudo, estudos com animais apontaram risco de toxicidade às mães quando o remédio é administrado em doses muito elevadas. Além disso, a dipirona monoidratada atravessa a barreira placentária.

Assim, não é aconselhado usar o medicamento durante os primeiros 3 meses da gravidez. Já no segundo trimestre a gestante pode tomar o produto somente após cuidadosa avaliação do médico.

Finalmente, no último trimestre também não se recomenda a ingestão de dipirona, pois existe a possibilidade de fechamento prematuro do ducto arterial e de complicações perinatais devido ao prejuízo da agregação plaquetária da mãe e do recém-nascido.

Classes de medicamentos conforme o risco na gestação

Os medicamentos são categorizados em classes de segurança durante a gravidez: desde aqueles considerados seguros até os que apresentam riscos conhecidos. Essas categorias, muitas vezes indicadas pelas letras A, B, C, D e X; auxiliam os profissionais de saúde na tomada de decisões sobre a prescrição de medicamentos durante a gestação.

A dipirona é classificada como um medicamento de categoria D em relação ao risco na gravidez. Isto é, existe evidência positiva de risco fetal, mas os benefícios podem superar os riscos. Assim, reforçamos que o produto não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. 

Cuidados com medicamentos na gestação

jovem grávida com medicação

Antes de iniciar qualquer tratamento com medicamentos durante a gravidez, é indispensável buscar a orientação de um profissional de saúde, preferencialmente o obstetra que acompanha a gestação.

Isso porque muitos medicamentos que são geralmente seguros em outras circunstâncias podem apresentar riscos durante o período gestacional

A automedicação deve ser rigorosamente evitada, uma vez que alguns medicamentos podem apresentar riscos potenciais para o desenvolvimento fetal. Somente o profissional de saúde poderá avaliar cuidadosamente os potenciais riscos e benefícios do uso de medicamentos, levando em consideração o estágio da gestação, histórico médico da gestante e a natureza da condição a ser tratada.

“O uso de medicamentos é recomendado em situações onde os sintomas estão exacerbados e as medidas comportamentais não surtiram efeitos. Deve ser feito de forma criteriosa e individualizada, para que malformações não apareçam durante esse período. Isso vai depender do tipo de medicamento e da fase gestacional em que está sendo tomado”, explica o ginecologista José Moura.

Mantenha seu médico sempre informado

É importante manter uma comunicação aberta e constante com o médico ao longo de toda a gestação. Qualquer mudança nos sintomas, efeitos colaterais ou dúvidas sobre a medicação devem ser prontamente compartilhadas.

Dessa forma, o obstetra terá mais condições de ajustar o tratamento conforme necessário, garantindo o melhor acompanhamento ao longo da gestação.

Em relação à dipirona, uma alternativa pode ser o paracetamol. Esse medicamento, também indicado para alívio de dores e febres,  é considerado uma opção mais segura pelos médicos.

Contudo, estudos recentes (ainda não conclusivos) indicam uma associação entre o paracetamol e riscos de problemas no neurodesenvolvimento da criança, como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), TEA (Transtorno do Espectro Autista), além de infertilidade, malformações genitais, problemas reprodutivos e outros. Por isso, não custa repetir: a utilização de qualquer medicamento deve ser feita sob orientação médica.

Efeitos colaterais com remédios na gravidez

Alguns medicamentos comuns utilizados durante a gravidez podem apresentar efeitos colaterais, como:

  • náuseas;
  • vômitos;
  • tonturas;
  • sonolência.

No entanto, esses sintomas nem sempre são prejudiciais e podem ser gerenciados com ajustes na dosagem ou na programação de administração.

É importante ressaltar que cada gestante reage de uma maneira aos medicamentos, isto é, o que pode ser bem tolerado por uma mulher pode causar desconforto em outra. Portanto, a observação atenta dos sinais e sintomas é fundamental para avaliar a resposta individual. 

O primeiro trimestre da gestação é particularmente crítico para o desenvolvimento fetal. Nesse período, os órgãos do bebê estão se formando, e, por isso, qualquer tratamento precisa ser cuidadosamente avaliado pelo obstetra.

Afinal, certos medicamentos podem apresentar riscos específicos para o desenvolvimento fetal. Por exemplo, alguns antibióticos e medicamentos para condições crônicas podem ter impacto no desenvolvimento de órgãos vitais. “Medicações podem alterar o desenvolvimento dos bebês, por isso recomendamos sempre a avaliação médica antes do uso de qualquer medicamento”, reafirma José Moura.

Em resumo, a resposta para a pergunta “Grávida pode tomar dipirona?” não é simples e demanda uma abordagem personalizada. Sempre priorize a segurança, consultando seu médico para tomar decisões informadas e garantir o bem-estar tanto da gestante quanto do bebê.

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Autor: Farma22

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