Cisto no ovário: entendendo, diagnosticando e tratando

O termo “cisto no ovário” pode assustar. Mas na maioria dos casos, essas pequenas bolsas de líquido são inofensivas e muito comuns, principalmente em idade reprodutiva. Entenda quais são os sintomas, diagnóstico e tratamento relacionados ao problema. Lembre-se de que a informação é crucial para uma vida saudável.

Cisto no ovário: o que é e como tratar?

Os ovários são a área do sistema reprodutivo das mulheres, responsáveis pelo amadurecimento dos óvulos. Em cada um, existem diferentes tipos de tecidos: óvulos, células que produzem os hormônios, tecidos vasculares e células de sustentação. E cada uma pode dar origem a diferentes tipos de cistos. Assim, no decorrer da vida, é bastante comum que algumas pacientes desenvolvam essa condição.

Na grande maioria dos casos, os cistos não causam dor ou preocupação. Mas caso eles cresçam, provoquem desconforto ou demorem para desaparecer, é preciso consultar um médico. 

O que é cisto no ovário?

Cistos ovarianos são uma espécie de cápsula envolta por uma fina membrana, que contém ar ou substâncias líquidas. Podem surgir em várias partes do organismo como mamas, fígado, tireóide e rins, além de ovários.

Quando o cisto se localiza nos ovários, é chamado de cisto ovariano ou, simplesmente, cisto no ovário. “Esse é um processo contínuo e, dessa forma, todos os meses a mulher forma um, dois (às vezes mais) cistos maiores que irão se romper e serão eliminados”, explica o Dr. Carlos Eduardo Vega, da Área Técnica da Saúde Integral da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Os cistos podem ter diferentes tamanhos, que vão desde microcistos a outros maiores, chegando a ocupar um grande volume da pelve, o que causa desconforto e complicações.

Na maioria dos casos, representa uma condição benigna, ou seja, sem gravidade, relacionada às alterações hormonais da menstruação e desaparece espontaneamente. Em alguns casos, pode causar dor e se romper.

Estima-se que uma em cada três mulheres terá um cisto no ovário em algum momento de suas vidas, sendo mais frequentes em pacientes entre 15 e 35 anos de idade, que estão em períodos da vida de alta fertilidade. 

É importante ressaltar também que ter cistos nos ovários não significa necessariamente que a paciente possui a chamada “síndrome dos ovários policísticos”. Para se chegar a esse diagnóstico são necessários exames específicos.

Outra dúvida comum está relacionada à endometriose, já que a doença, que ocorre quando o endométrio começa a se desenvolver em outros lugares, também pode causar cistos.  

Qual o tamanho normal de um cisto no ovário?

médico segurando objeto anatômico para explicar o cisto ovariano

O cisto folicular, aquele mais comum e que desaparece naturalmente, varia de 1 a 5 cm. Cistos maiores costumam causar incômodo e devem ser avaliados por um ginecologista. “Para se diagnosticar a presença de um cisto anormal, é fundamental a consulta periódica ao ginecologista. Após analisar a queixa apresentada pela paciente e depois de examiná-la procede à pesquisa de diagnóstico com exames clínicos e de imagem”, ressalta Vega.

Qual a causa de um cisto no ovário?

Existem diversas razões para o cisto no ovário. Na maioria das vezes, essa condição é causada por alterações hormonais, que podem ou não estar relacionadas ao uso de medicamentos hormonais. Contudo, o cisto também pode surgir durante o processo ovulatório natural, sem relação com mudanças dos hormônios. 

Problemas como a endometriose, infecção pélvica, gravidez e hemorragias também podem levar ao surgimento de cistos ovarianos. É importante pontuar ainda o papel da genética, já que o histórico familiar de outras mulheres que tenham tido cistos nos ovários aumenta as chances da paciente desenvolvê-los.

Existem diversos tipos de cistos ovarianos, sendo os mais comuns os cistos funcionais. Geralmente se formam durante o ciclo menstrual e não estão relacionados a uma doença específica. Eles são menos preocupantes pois, em geral, desaparecem por conta própria em cerca de 60 dias, sem tratamento específico.

Outros tipos muito menos comuns são os chamados cistos ovarianos patológicos, que se formam como resultado do crescimento celular anormal. O grupo inclui os cistos dermoides, cistadenomas, endometriomas e o câncer, cada um com suas características específicas e potenciais complicações.

Os cistos podem ser benignos ou malignos e essa avaliação só poderá ser feita por um médico. No primeiro caso, a remoção é indicada apenas se causarem sintomas que prejudiquem o bem-estar da paciente.

Já os malignos costumam ser identificados no ultrassom transvaginal por meio de características que são bem diferentes das encontradas nos cistos funcionais ou benignos.

São bastante raros – em idade fértil, essa condição acontece em menos de 1% dos casos. Após a menopausa, a ocorrência de tumores císticos é maior. “O diagnóstico de certeza sobre o fato de ser benigno ou maligno, somente é obtido através da biópsia de ovário. Esse procedimento geralmente é realizado durante a cirurgia para a remoção do cisto” completa Vega.

Qual a diferença entre cisto no ovário e ovário policístico?

Essas duas condições se diferenciam pelo tamanho e número de cistos. Geralmente, no caso de ovário policístico existem vários pequenos cistos com 0,5 centímetro de diâmetro. Já o cisto costuma ser único e maior. 

Quando a paciente é portadora de um ovário policístico é preciso investigar a presença de outras características que podem indicar um problema conhecido como “síndrome dos ovários policísticos” (SOP). Essa doença causa períodos menstruais irregulares e outros distúrbios relacionados a hormônios, incluindo obesidade, infertilidade e o hirsutíssimo (o aumento do crescimento de pelos corporais).

Sintomas de neoplasia cística ovariana

Em muitas situações, os cistos ovarianos são assintomáticos, isto é, não geram sintomas e são descobertos incidentalmente durante exames de rotina. 

No entanto, cistos maiores podem provocar:

  • dor pélvica;
  • inchaço abdominal;
  • alterações no ciclo menstrual;
  • sangramentos fora do período de ciclo menstrual;
  • presença de sangue no corrimento;
  • dor durante a relação sexual;
  • necessidade frequente de urinar;
  • aumento da sensibilidade nas mamas;
  • ganho de peso;
  • náuseas e vômitos;
  • constipação; 
  • sensação de barriga inchada ou dolorida.

A dor também pode estar relacionada a alguma complicação, como rompimento ou torção. Quando isso acontece, a paciente pode experimentar uma dor aguda e repentina. Se você sentir algum desses sintomas, busque ajuda de um profissional de saúde. 

Entenda como é feito o diagnóstico e a avaliação

Os cistos no ovário que não causam sintomas costumam ser descobertos através de exames ginecológicos de rotina como o ultrassom. 

Quando a paciente reporta dores ou incômodos, geralmente o médico realiza um exame físico (observação e palpação dos órgãos reprodutivos) e uma revisão detalhada da história clínica da paciente. Exames de imagem, como a ultrassonografia pélvica, são frequentemente utilizados para confirmar a presença de cistos e avaliar seu tamanho, conteúdo e localização. 

Em alguns casos, o médico pode solicitar exames complementares como uma ressonância magnética ou uma biópsia para determinar se o cisto é benigno ou não.  

 Como tratar um cisto ovariano?

O tratamento depende de diversos fatores, incluindo o tipo de cisto, seu tamanho, sintomas e a idade da paciente. Como descrito acima, a maioria desaparece por conta própria, principalmente se forem pequenos.

Casos isso não aconteça, costuma ser indicada uma mudança no estilo de vida, com a adoção de atividades físicas que irão contribuir para o desaparecimento dos cistos. E, se ainda assim o problema persistir, existem algumas opções de tratamento:

  • monitoramento atento;
  • medicamentos contraceptivos para regular o ciclo menstrual;
  • drenagem: procedimento menos invasivo recomendado para cistos menores;
  • intervenção cirúrgica em casos mais graves.

A cirurgia é uma necessidade apenas em casos mais graves, quando o tamanho do cisto é anormal ou quando há ruptura ou torção. A operação pode ter como objetivo a remoção do cisto (cistectomia) ou, até mesmo, a remoção completa do ovário (ooforectomia).

Em casos de suspeita de câncer, pode ser necessária uma abordagem ainda mais agressiva, incluindo além da remoção do ovário afetado, outros tecidos circundantes.

Reforçamos que somente uma avaliação médica pode determinar com precisão a necessidade ou não da cirurgia.

Quem possui cisto no ovário pode engravidar?

Os cistos nos ovários não causam infertilidade. Mas, em alguns casos, podem provocar dificuldade para a mulher engravidar devido às alterações hormonais que levaram ao desenvolvimento do cisto, irregularidade na menstruação ou disfunções na ovulação. Quando a paciente perde o tecido ovariano, esse obstáculo é ainda maior. 

Assim, a mulher que possui cistos e deseja gestar precisa realizar um acompanhamento ginecológico para receber orientação médica de como proceder.

Já a síndrome dos ovários policísticos pode sim causar infertilidade. Isso acontece em razão dos desequilíbrios hormonais e das irregularidades nos ciclos menstruais que acompanham a SOP. “Nas mulheres portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos verificamos uma diminuição ou mesmo ausência na liberação dos óvulos. É o que chamamos de ciclo anovulatório. O óvulo se desenvolve até um determinado estágio e não consegue mais progredir, acumulando-se dentro do ovário. Quando se realiza um ultrassom ginecológico é possível verificar a presença de inúmeros cistos pequenos, um dos sinais da Síndrome,” explica Vega.

Cisto no ovário pode causar ganho de peso?

Na grande maioria dos casos o cisto não gera alteração de peso, pois são pequenos e desaparecem naturalmente. Contudo, existe sim a possibilidade de uma proliferação e crescimento anormal que pode provocar aumento do volume abdominal. As alterações hormonais causadas pelo cisto também podem facilitar o ganho de peso.

Prevenção e cuidados contínuos

Embora muitos cistos ovarianos não possam ser prevenidos, realizar exames de rotina ajuda na detecção precoce e no tratamento eficaz. As mulheres devem estar atentas aos sinais do corpo e não hesitar em procurar a orientação de um profissional de saúde se algo parecer fora do comum.

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Autor: Farma22

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