Após o nascimento do bebê, o corpo da mulher passa por uma série de mudanças significativas. O período pós-parto, também conhecido como puerpério, é crucial para a recuperação física e emocional da mãe. E alguns cuidados vão garantir que esse processo seja mais leve. Confira!
Quais as principais mudanças no corpo da mulher após o parto?
Foram nove meses gestando uma vida. Isso envolve muitas alterações no corpo da gestante e, mesmo após o parto, ele não volta ao “normal” imediatamente.
O puerpério é o período que se inicia logo após o parto e se estende até que o corpo da mulher retorne às condições pré-gravidez. Durante esse período, ocorrem diversas transformações físicas e emocionais que são comuns e esperadas, pois preparam a mãe para o desafio da maternidade e auxiliam na recuperação após o processo de gestação e parto. Entre elas estão:
- Sangramento vaginal: também conhecido como lóquios, é normal nas primeiras semanas após o parto e geralmente diminui em quantidade e coloração com o passar do tempo. Durante esse período, use calcinhas descartáveis ou absorventes de alta absorção para sentir-se mais confortável e resguardada.
- Dor e desconforto: é usual ter esses sintomas na região abdominal e pélvica após o parto porque o útero está voltando ao seu tamanho pré-gestação. O uso de compressas quentes e medicamentos recomendados pelo médico podem aliviar essas questões.
- Inchaço: é frequente especialmente nas pernas e nos pés, mas diminui gradualmente à medida que o corpo elimina o excesso de líquidos. O uso regular de cremes específicos contribui para acelerar o processo.
- Mudanças nos seios: as mamas podem ficar doloridas e inchadas nos primeiros dias após o parto, à medida que o corpo se ajusta à produção de leite materno. O uso de sutiãs confortáveis e a aplicação de compressas frias aliviam o desconforto. Muitas mulheres também apresentam algum vazamento, por isso é indicado levar já para a maternidade absorventes para seios, que a deixarão segura e protegida.
Cuidados pós-parto: o que devo fazer?
- Descanso adequado: a privação de sono é um dos maiores temores das mamães e papais. Realmente, com a chegada do recém nascido a rotina muda completamente – especialmente os hábitos de sono! Daí aquele velho ditado: “bebê dormiu, durma!”. Sabemos que não é tão simples porque nos intervalos de soneca dos pequenos há outras mil coisas a fazer. Mas lembre-se de que o descanso ajudará o corpo a se recuperar do esforço do parto e se adaptar às novas demandas da maternidade.
- Hidratação e alimentação balanceada: manter-se hidratada e seguir uma dieta rica em nutrientes é fundamental para promover a cicatrização (no caso de cesáreas), fornecer energia para cuidar do bebê e aumentar a produção de leite. Importante incluir alimentos ricos em ferro como carne vermelha, atum, espinafre, leguminosas e brócolis que irão contribuir para a reposição sanguínea. Os médicos também recomendam que, durante a amamentação, as mães mantenham o uso da vitamina ingerida na gravidez para fortalecer o sistema imunológico.
- Cuidados com a higiene: seja em casos de cesárea ou parto natural, é bastante comum que a mulher tenha um sangramento por até um mês e manter uma boa higiene na área genital é essencial para prevenir infecções. Tome banhos regulares, troque absorventes frequentemente e mantenha a região limpa e seca.
- Atenção às mamas: o leite materno é o melhor alimento para o bebê até os seis meses de idade. Além de oferecer todos os nutrientes de que a criança precisa, protege contra infecções e reduz as chances de desenvolver alergias. Os benefícios se estendem também para a mãe, pois o aleitamento exclusivo diminui o risco de hemorragia e auxilia na redução de peso. Mas a verdade é que a amamentação é um dos maiores desafios da maternidade – sobretudo nessas primeiras semanas em que mãe e bebê estão aprendendo. Apesar de bastante comum, a dor não é um efeito normal, ou seja, se seus mamilos estão doloridos, rachados ou sangrando é um sinal de que a “pega” do bebê está incorreta. Há produtos que auxiliam a amenizar o problema, mas o ideal é procurar ajuda de um profissional adequado ou os bancos de leite da sua cidade.
- Apoio emocional: o período pós-parto costuma ser desafiador emocionalmente. Afinal, são muitas mudanças e novidades! É comum que a mãe se sinta irritada, triste, ansiosa, presa, em dúvida e com vontade de chorar. Ter bebê é ao mesmo tempo incrível e exaustivo. Acredita-se que o chamado “baby blues”, ou melancolia puerperal, atinja cerca de 80 por cento das mães. Por isso, busque apoio de familiares, amigos ou grupos de mães para compartilhar suas experiências e emoções.
- Acompanhamento médico: não deixe se consultar com seu médico obstetra mesmo após o parto. Ele poderá monitorar sua recuperação e responder a quaisquer dúvidas ou preocupações.
O que não pode fazer no resguardo pós-parto?
No puerpério, é importante se poupar de atividades que possam comprometer a recuperação do corpo. Algumas delas incluem:
- Exercícios intensos: evite atividades físicas pesadas nas primeiras semanas após o parto. Em geral, recomenda-se que a mulher volte a praticar exercícios após 40 dias em casos de cesárea ou 30 se teve parto natural. E mesmo aquelas que já tinham hábitos regulares devem estar atentas. Consulte seu médico, pois ele irá avaliar sua condição física e indicar a melhor rotina.
- Relações sexuais: aguarde a liberação do osbtetra antes de retomar a atividade sexual. Os especialistas costumam solicitar uma espera de 40 dias – período conhecido como “resguardo” e necessário para que o corpo da mulher se recupere. Claro que isso dependerá também do acordo com seu parceiro.
- Utilização de produtos vaginais: tampões e duchas íntimas aumentam o risco de infecções.
Como deve ser o repouso pós-parto?
O descanso adequado é essencial para uma recuperação rápida e saudável após o parto e a chamada “rede de apoio” é muito válida nesse momento. Por isso, não hesite em pedir ajuda para cuidar do bebê e realizar as tarefas domésticas. Além disso, como mencionado, priorizar o sono é fundamental para sua recuperação física e mental. Então, tente descansar sempre que o neném estiver dormindo, mesmo que seja apenas por alguns minutos.
Outra dica: você não tem que dar conta de tudo e, neste momento, a prioridade são você e o bebê. Não se sobrecarregue preocupando-se com a limpeza da casa ou outras responsabilidades além do cuidado com o recém-nascido. Concentre-se em sua recuperação e no bem-estar do seu filho.
Quanto tempo leva para o útero voltar ao normal depois do parto?
Após o parto, o útero passa por um processo de involução, ou seja, retorna ao seu tamanho e posição pré-gravidez, o que, geralmente, leva cerca de seis a oito semanas para ser concluído. Nesse intervalo, os vasos uterinos se contraem e se comprimem no local onde a placenta estava, formando alguns coágulos que recebem o nome de lóquios – o conhecido sangramento pós-parto.
Assim, é importante seguir as orientações médicas e evitar atividades que possam interferir na recuperação do útero, como esforços físicos intensos.
A partir de quando devo buscar um método contraceptivo?
Existe um mito muito grande e alarmante de que a mulher não engravida durante a amamentação. Isso não é verdade! Por isso, após o período de resguardo e uma vez que o casal esteja de acordo a voltar a manter relações sexuais é necessário discutir opções contraceptivas com seu parceiro e com o médico. O retorno da fertilidade após o parto pode variar de mulher para mulher, mas é possível engravidar mesmo antes da primeira menstruação após o parto. Existem diversas opções, mas não são recomendados contraceptivos que contenham estrogênio, pois a substância afeta a produção de leite.
- Preservativo: a camisinha é uma opção eficiente e econômica, que impede os espermatozóides de entrarem na vagina sem uso de hormônios. Dessa forma, não interfere na amamentação, não tem efeitos colaterais e ainda evita outras infecções sexualmente transmissíveis.
- Pílula anticoncepcional de progesterona: trata-se de um método hormonal, por isso é indicado que a mulher que amamente dê preferência ao medicamento com progesterona de uso contínuo (a pílula tradicional tem uma combinação de estrogênio e progesterona). O comprimido precisa ser tomado todos os dias e no mesmo horário. Atenção, a pílula de progesterona pode falhar se for usada enquanto há um protocolo de antibióticos. Por isso, informe seu médico sobre todos os remédios em uso. Além disso, não impede infecções sexualmente transmissíveis.
- Injeção anticoncepcional de progesterona: se você tem receio de esquecer a pílula pode considerar a injeção de progesterona, que, normalmente, é aplicada de três em três meses. Essa é uma possibilidade eficiente para quem amamenta, contudo não protege contra infecções sexualmente transmissíveis.
- Diafragma: funciona como uma espécie de “tampa” que se coloca no colo do útero antes de manter uma relação sexual. Ou seja, é uma barreira não-hormonal que não interfere na amamentação nem causa efeitos colaterais, mas também não protege contra doenças sexualmente transmissíveis.
- DIU com ou sem hormônio: o Dispositivo Intrauterino é um pequeno dispositivo em forma de T inserido dentro do útero que impede a passagem dos espermatozoides para as tubas uterinas, onde costuma acontecer a fecundação. É uma alternativa eficiente e duradoura, já que dura de três a dez anos. Pode ser usado tanto por lactantes ou não lactantes e não protege contra infecções sexualmente transmissíveis. O DIU oferece alguns riscos como deslocamento (o que diminui a eficácia), infecção pélvica e gestação ectópica (0,1 por cento).
Implante hormonal subcutâneo: um pequeno bastão introduzido debaixo da pele, que libera doses de hormônio na corrente sanguínea de forma contínua. O produto é colocado pelo ginecologista com anestesia local.
Mulheres que amamentam devem usar implantes com hormônios semelhantes à progesterona – uma boa opção é o Implanon. Pode durar até três anos e a retirada também é realizada em consultório.