Falou em diarreia, muita gente fecha a cara. Mas esse é um problema comum que afeta pessoas de todas as idades e em várias situações da vida. Embora o chamado “piriri” não seja nem um pouco desejável, é preciso aprender a lidar com essa condição. Confira só as principais causas e o tratamento em casos de fezes líquidas.
O que é diarreia?
A diarreia é um desarranjo do intestino com aumento do número de evacuações e fezes amolecidas ou líquidas. Na maioria das vezes, é considerada um quadro temporário e comum. Ou seja, ainda que seja algo desconfortável, passa rapidamente.
Contudo, em alguns casos, a urgência para defecar indica um problema de saúde mais sério, principalmente quando se trata de crianças e idosos, que podem desidratar rapidamente.
A frequência da defecação por si só não caracteriza a diarreia. Afinal, algumas pessoas defecam normalmente de três a cinco vezes por dia. Assim, o quadro de desarranjo do intestino se define não apenas pelo aumento do número de evacuações, mas pela perda de consistência das fezes, que se tornam aguadas ou pastosas.
Esse problema geralmente é acompanhado por gases, cólica, urgência em defecar e, se for ocasionada por um organismo infeccioso ou uma substância tóxica, náusea e vômito. Uma das complicações mais perigosas é a desidratação. Adultos são mais resistentes, mas bebês, crianças e idosos desidratam-se com facilidade, em até menos de um dia.
Quais as causas desse problema?
A diarreia costuma ser associada à intoxicação alimentar. Mas o quadro pode ser desencadeado por uma variedade de fatores, sendo as infecções virais e bacterianas as causas mais comuns. Esses microrganismos entram no corpo pela ingestão de alimentos ou água contaminados e o resultado é uma irritação do trato gastrointestinal.
Mas existem ainda outras causas como a infeção por parasitas intestinais (especialmente em locais com condições precárias de higiene sanitária), disfunção da motilidade do tubo digestivo, efeitos colaterais de alguns medicamentos e abuso de laxantes.
Além disso, condições como a síndrome do intestino irritável (SII), a doença inflamatória intestinal (DII) e intolerâncias alimentares também podem contribuir para episódios recorrentes do intestino solto.
Quantos dias é normal ficar com diarreia?
Isso depende muito dos sintomas associados à condição presente. Em geral, as pessoas com diarreia experimentam cólicas abdominais e aumento da urgência para ir ao banheiro. Nesse cenário, a melhora vem em um ou dois dias. Se as fezes líquidas persistirem após esse período, é preciso ir a um centro de emergência.
Já em casos mais graves, além das dores, pode haver sangue ou pus nas fezes, febre, perda de peso e sinais de desidratação (como micção reduzida, letargia ou apatia, sede extrema e boca seca). Se você observar algum desses sintomas, procure um médico imediatamente. Lembrando que crianças e idosos desidratam muito depressa, então é preciso estar ainda mais alerta.
Quando a diarreia é preocupante?
Embora a evacuação solta ocasional possa ser tratada em casa com repouso e hidratação adequada, é essencial procurar ajuda médica se os sintomas persistirem por mais de dois dias ou se o indivíduo apresentar os sintomas mencionados acima.
A partir desses apontamentos, o profissional de saúde poderá determinar a gravidade da condição e buscar o tratamento adequado.
Tratamentos para diarreia
A gastroenterologista Marília Marques, médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB) indica algumas medidas que podem ser tomadas a partir da primeira evacuação alterada.
“A orientação é de manter uma dieta equilibrada com boa hidratação, aumentando a ingestão de água, sucos e chás. Os refrigerantes não são recomendados para o tratamento da desidratação, pois não possuem adequada osmolaridade e composição de eletrólitos, além de serem ricos em açúcares”, afirma a especialista.
Outros cuidados incluem:
– inicie a ingestão de soro caseiro
– mantenha uma alimentação leve e saudável: a dieta BRAT é bastante indicada: bananas, arroz, maçãs e torradas são suaves para o sistema digestivo e podem ajudar a firmar as fezes. Por outro lado, alimentos gordurosos, picantes, cafeína e produtos lácteos irão piorar a irritação do trato gastrointestinal.
– observe os sinais de desidratação
– inicie o tratamento medicamentoso
Os chamados antidiarreicos relaxam os músculos intestinais e retardam o trânsito intestinal, mas consulte o farmacêutico para obter as orientações corretas. Os principais são:
– Loperamida
– Avide
– Retemic
– Diasec
– Magnostase
– Tiorfan
Reforçando que o uso de remédios deve ser feito com orientação do profissional de saúde e em casos leves de desarranjo intestinal.
Confira as principais maneiras de prevenir infecções
Além de tratar a diarreia, é fundamental adotar medidas preventivas para evitar essa complicação.
- amamentar o recém-nascido no mínimo até os seis meses de vida;
- beber somente água tratada, filtrada ou fervida;
- beber bastante líquidos, principalmente nos dias mais quentes;
- manter os depósitos de água sempre fechados e fazer limpeza regularmente;
- não tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada;
- manter a higiene da casa, pessoal e dos utensílios de mesa e fogão;
- lavar as mãos com água e sabão antes de preparar os alimentos, antes de amamentar, após a troca de fraldas de crianças ou após usar o banheiro;
- proteger os alimentos de moscas, baratas e ratos;
- lavar cuidadosamente as verduras e frutas.
- fazer gelo com água tratada ou fervida.
Diarreia é o mesmo que disenteria?
Essa é uma outra dúvida bastante comum, mas diarreia e disenteria são problemas diferentes. Para ser considerado uma disenteria, a diarreia deve estar associada a dor, com muco e sangue nas fezes. Nesses casos, é necessário procurar ajuda médica imediatamente.
Geralmente essa inflamação é provocada por bactérias, vírus ou verminoses. Uma das causas mais comuns é a ingestão de alimentos ou água contaminados pela bactéria Shigella.