Descubra o que é Lipedema, seus sintomas e tratamentos. Entenda essa doença crônica do tecido gorduroso e como cuidar melhor da sua saúde.
O que é lipedema?
O lipedema é uma patologia crônica do tecido adiposo, caracterizada pelo acúmulo irregular de gordura, predominantemente nos membros inferiores, como pernas e quadris. Essa condição é frequentemente confundida com obesidade ou linfedema, devido ao aumento significativo de volume nas pernas.
No entanto, tem características distintas, como o incômodo à palpação e a dificuldade de perder medidas, mesmo com dietas e exercícios. Outros sinais incluem crises inflamatórias, dor constante e inchaço.
Ao contrário da gordura comum, que se acumula por conta do ganho de peso, o tecido afetado apresenta uma resposta inflamatória perene, tornando o quadro progressivo e, muitas vezes, debilitante e afeta majoritariamente mulheres.
“Estima-se que varizes ocorram em 45% a 50% das mulheres e o lipedema em 11%. Portanto, logicamente, a coexistência existe. Das pacientes com lipedema, 53% têm teleangiectasias e 39% varizes”, explica o Prof. Dr. Alexandre Campos Moraes Amato, cirurgião vascular e integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de São Paulo (SBACV-SP).
Importante destacar ainda os efeitos sobre a qualidade de vida, visto que o desconforto chegam a limitar as atividades diárias.
O que provoca lipedema?
As causas exatas não são completamente compreendidas, mas estudos indicam que fatores hormonais desempenham um papel significativo. Afinal, o lipedema frequentemente surge durante fases de alterações hormonais, como a puberdade, gravidez ou menopausa.
Outro ponto determinante parece ser a predisposição genética, já que muitos indivíduos relatam casos parecidos na família.
O desequilíbrio hormonal provoca a expansão anormal do tecido gorduroso, levando à inflamação e ao acúmulo de líquidos. A região prejudicada torna-se densa e resistente, resultando em dor e inchaço.
Além disso, a pessoa tende a ter menos resultado com as abordagens tradicionais de emagrecimento, o que agrava a situação. As crises inflamatórias recorrentes contribuem para tornar o tratamento mais desafiador à medida que o tempo passa.
Quais os tipos e estágios?
O lipedema é classificado em diferentes tipos e estágios, de acordo com a localização da gordura acumulada e a gravidade dos efeitos. A classificação é baseada nas áreas afetadas, enquanto os estágios refletem o desenvolvimento da doença.
Tipos de Lipedema
- Tipo I: Ocorre principalmente nos quadris e na região glútea.
- Tipo II: Lesiona coxas e nádegas, estendendo-se até os joelhos.
- Tipo III: Atinge pernas e coxas, descendo até os tornozelos.
- Tipo IV: Abrange braços e pernas.
- Tipo V: Há a combinação de lipedema com linfedema, resultando em adição de líquidos e inchaço intenso.
Estágios do Lipedema
- Estágio 1: A pele ainda está lisa, mas há um leve acúmulo subcutâneo e inchaço.
- Estágio 2: O tecido adiposo começa a endurecer e a apresentar irregularidades, formando pequenos nódulos sob a pele.
- Estágio 3: As áreas acometidas apresentam um aumento significativo de volume, com deformidades visíveis.
- Estágio 4: Neste estágio avançado, o Lipedema se combina com linfedema, resultando em acúmulo de líquidos, aumento extremo de volume nas pernas e risco elevado de complicações, como infecções.
Qual o tratamento para lipedema?
O manejo do lipedema depende da fase e do estado apresentado. “O tratamento envolve correção alimentar, exercícios, correção de hábitos de vida, intervenções medicamentosa e cirúrgica. A abordagem multidisciplinar é muito eficaz e torna possível a melhora de 35% nos sintomas com o tratamento clínico e de 58% no tratamento cirúrgico”, afirma o Dr. Alexandre.
Como estamos falando de algo crônico, não há cura definitiva. Mas existem alternativas para melhorar a qualidade de vida e retardar a evolução da patologia.
- Terapia de Compressão: O uso de meias de compressão graduada modera o inchaço e melhora a circulação. Além de auxiliar no controle da dor e da inflamação.
- Drenagem Linfática Manual (DLM): A técnica busca diminuir o acúmulo de líquidos e minimizar a inflamação.
- Fisioterapia: Programas supervisionados contribuem para melhorar a mobilidade, amenizar o sofrimento e fortalecer os músculos, sem agravar o quadro inflamatório.
- Mudanças na Dieta: Embora isso por si só não cure o lipedema, uma alimentação anti-inflamatória será de grande valia! É recomendada a ingestão de vegetais, frutas, fibras e alimentos com propriedades anti-inflamatórias.
- Cirurgia: Em casos avançados, nos quais a dor e o volume dos membros são severos, a lipoaspiração especializada precisa ser considerada para remover o excesso resistente.
- Acompanhamento Psicológico: Na maioria dos casos, a condição arremete não só o corpo, mas também a mente, pelo impacto das mudanças. O apoio psicológico costuma ser crucial para lidar com a autoestima e as dificuldades emocionais associadas.
Como eu sei que tenho lipedema?
O diagnóstico pode ser um desafio, pois não é raro que o lipedema seja confundido com outras condições, como obesidade ou linfedema.
Por isso, é muito importante que um médico especialista faça um exame físico para averiguar se existem nódulos, hipersensibilidade e perda de elasticidade da estrutura adiposa, fatores que indicam que o quadro não está ligado à obesidade. A avaliação deve ainda considerar o histórico familiar e o relato de evolução das condições.
Além disso, existem elementos específicos que auxiliam nesse processo:
- Desproporção corporal: As pernas se apresentam significativamente maiores em relação à parte superior do corpo, mesmo com peso estável.
- Alta sensibilidade: Os membros acometidos ficam dolorosos e as pernas podem inchar ao longo do dia, agravando o desconforto.
- Dificuldade em perder gordura nas áreas afetadas: Mesmo com uma dieta equilibrada e prática regular de exercícios, o cenário permanece inalterado.
- Facilidade para hematomas: As áreas afetadas tendem a ficar machucadas com facilidade devido à fragilidade dos capilares.
Se você apresentar algum desses tópicos, é importante consultar um angiologista ou cirurgião vascular, para uma análise clínica adequada. O diagnóstico precoce é essencial para iniciar os cuidados e evitar a progressão da doença.
Existe remédio para lipedema?
Atualmente, não há medicamentos específicos que curem ou revertam o lipedema. O foco é gerenciar os sintomas e controlar possíveis complicações, como linfedema secundário.
Analgésicos para aliviar a dor costumam ser indicados, como é o caso da Prednisona.
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Mas atenção: converse com seu médico sobre a possibilidade de evitar anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) por longos períodos, pois eles podem piorar a retenção de líquidos.
Estudos sugerem que medicamentos que atuam na regulação hormonal, como aqueles usados para tratar desequilíbrios hormonais, atenuam o problema, mas novas pesquisas são necessárias.
Qual a relação entre o lipedema e a alimentação?
Embora a dieta não esteja diretamente ligada às causas do lipedema, alguns alimentos com propriedades anti-inflamatórias reduzem a inflamação e melhoram o cenário como um todo. Confira os principais:
1. Peixes ricos em ômega-3: Como salmão, sardinha, cavala e atum são excelentes fontes de ácidos graxos ômega-3, que abranda os níveis de moléculas e substâncias inflamatórias no corpo, como os eicosanóides e citocinas.
2. Azeite de oliva extra virgem: Contém antioxidantes, como o polifenol oleocanthal, que possui efeitos anti-inflamatórios semelhantes ao ibuprofeno.
3. Frutas vermelhas e cítricas: Morangos, mirtilos, amoras e cerejas são ricas em antioxidantes chamados antocianinas, que ajudam a combater a inflamação. As frutas cítricas, como laranjas, limões e toranjas, contêm vitamina C, um antioxidante que fortalece o sistema imunológico e combate a inflamação.
4. Vegetais crucíferos: Brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas e repolho contém sulforafano, um composto que inibe as moléculas que provocam processos inflamatórios.
5. Cúrcuma (Açafrão-da-terra): A curcumina é um composto que atua bloqueando certas moléculas inflamatórias e ajuda a regular o metabolismo.
7. Chá verde: Rico em catequinas, que são antioxidantes com efeitos anti-inflamatórios. Beber chá verde regularmente pode ajudar a reduzir a inflamação e os danos oxidativos no corpo.
Outras opções incluem tomate, gengibre, alho, cereais integrais, abacate, batata-doce, cebola e pimentas.
Outras dicas são, evitar itens processados para minimizar o inchaço e a retenção de líquidos; e aumentar a ingestão de água. Além disso, manter um físico saudável será benéfico para suavizar a sobrecarga nas articulações.
Atenção ao impacto emocional
Muitas pessoas sofrem com baixa autoestima, ansiedade e depressão, devido às mudanças corporais e à dor constante. A desproporção corporal e a dificuldade de perder gordura nas áreas acometidas podem causar frustração e vergonha, prejudicando a vida social e a autoconfiança.
Além disso, a limitação da mobilidade e dificuldade na realização de atividades rotineiras, aumentando o estresse. O acompanhamento psicológico é, portanto, uma parte fundamental do tratamento. Terapias comportamentais irão ajudar as pacientes a lidarem com os desafios diários e a manterem uma perspectiva mais positiva.