Calendário colorido promove campanhas para informar sobre sintomas e incentivar a prevenção e o tratamento da endometriose e do câncer de colo do útero
O mês de março marca a campanha nacional “Março Amarelo e Lilás”. Esse período tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre o câncer do colo do útero e a endometriose. Em todo o país, são realizadas ações que buscam trazer mais conhecimento em relação aos sinais, sintomas, prevenção, diagnóstico e tratamento. São doenças que afetam as mulheres e, muitas vezes, são assintomáticas em seus estágios iniciais.
Março Amarelo – prevenção à endometriose
Embora seja uma doença considerada comum entre as mulheres, a endometriose ainda é pouco conhecida e costuma demorar a ser diagnosticada. Em muitos casos, a confirmação vem até oito meses após o aparecimento dos primeiros sintomas. Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada 10 mulheres no Brasil sofre com os problemas causados pela endometriose.
A doença decorre do crescimento inadequado do endométrio, o tecido que reveste a parte interior do útero. Mais comum entre mulheres jovens em período fértil, a endometriose pode causar graves problemas quando não tratada, como, por exemplo, dificuldades para engravidar e sangramentos.
Conforme dados da OMS, a endometriose afeta cerca de 190 milhões de mulheres no mundo, sendo mais de 7 milhões brasileiras. E, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva podem desenvolver a doença, sendo que 30% delas têm chances de ficarem estéreis. Portanto, é uma doença séria, que requer um diagnóstico precoce para facilitar o tratamento.
A professora Márcia Cristina França Ferreira do departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Minas Gerais explica que questões genéticas, endocrinológicas e fatores do ciclo menstrual estão relacionados à probabilidade de se desenvolver a doença. No entanto, ainda não há como rastreá-la: “não é possível detectar a doença antes que os sintomas venham, por isso se fala muito mais em diagnóstico precoce do que em prevenção. E somente com essa investigação atenta é possível dar mais qualidade de vida às mulheres”.
Endometriose sintomas
A endometriose é conhecida como uma doença silenciosa porque os sintomas costumam ser associados a outras questões. A cólica menstrual, por exemplo, pode acontecer em decorrência da doença, mas, geralmente, as mulheres consideram esse sintoma normal no período da menstruação. Outros problemas incluem dor durante as relações sexuais, dores ao urinar e evacuar durante o período menstrual. “A dificuldade que as pessoas ainda enfrentam no diagnóstico não é porque a dença não apresenta sinais, mas porque esses sinais são ignorados ou interpretados como algo rotineiro”, alerta a médica. Por isso, é importante procurar um especialista ao menor sinal de qualquer dor atípica, e manter os exames preventivos em dia.
A principal maneira de diagnosticar precocemente a endometriose é por meio da ultrassonografia transvaginal ou endovaginal. O objetivo desse exame é analisar órgãos e estruturas pélvicas como trompas uterinas, endométrio, ovários e o próprio útero.
A doença é tratável, mas não tem cura. Isso significa que, em muitos casos, a paciente precisa ser acompanhada por toda a vida. Por isso, os especialistas reforçam a importância das consultas periódicas.
Março Lilás – prevenção ao câncer do colo do útero
O câncer de útero, também chamado de câncer cervical, é a terceira doença mais frequente entre a população feminina no Brasil, atrás do câncer de mama e de colorretal. Além disso, a doença ocupa a quarta causa de morte de mulheres. Recentemente foram publicados novos dados de pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) que apontam: em 2023, o país deve atingir a marca de 17 mil novos casos, o que representa um aumento de 2% em relação a 2022.
O oncologista Wesley Pereira Andrade, médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) afirma que esse crescimento decorre de um acréscimo dos fatores de risco: “os principais fatores para o advento do câncer de colo de útero é a infecção pelo vírus HPV, além do início da vida sexual precoce, grande frequência de parceiros, tabagismo e falta de vacinação”.
Dentro os sintomas do câncer de colo de útero estão sangramento anormal e dor após a relação sexual, aumento de corrimento vaginal (muitas vezes com mau cheiro), dores na região pélvica, perda de peso, cansaço, secreção vaginal fétida, inchaço nas pernas, alteração intestinal e miccional. A doença pode também comprometer outros órgãos como pulmões, ocasionando tosse e falta de ar.
Trabalhos de prevenção ao câncer do colo de útero
O câncer do colo do útero pode ser prevenido por meio de vacinas de HPV e diagnosticado com o exame de Papanicolaou. As meninas podem receber a vacina anti-HPV a partir dos 9 anos e os meninos dos 11.
O levantamento do INCA mostra que, em números relativos, houve um decréscimo no número de incidências – de 15 casos a cada 100 mil mulheres em 2020 para 13 casos em 2023. Essa diminuição se deve a justamente à campanhas como a do Março Lilás, afirma o especialista: “este tipo de câncer é altamente evitável, por meio da vacinação contra HPV, associada às estratégias de detecção precoce na realização de exames de Papanicolau. Mas vale lembrar que nem todo HPV é igual, uma vez que existem vários tipos como o 16 e 18 que são os mais relacionados à neoplasia de colo de útero. O 6 e 11 podem causar verrugas genitais”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) espera extinguir a incidência do câncer de colo de útero na humanidade nas próximas décadas por meio dessas ações preventivas e do diagnóstico precoce.