Mounjaro: o novo medicamento na luta contra o diabetes e a obesidade

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o uso do Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, como um novo tratamento contra o diabetes tipo 2.

Injeções do medicamento Mounjaro
Foto: Divulgação/Eli Lilly

A notícia trouxe grandes expectativas para os portadores da doença, já que os estudos clínicos apresentaram bons resultados. O Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida, o primeiro receptor de dois hormônios produzidos no intestino: o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e o peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1). Mas o que isso significa?

O Mounjaro simula a ação desses dois hormônios, acionando uma série de processos do organismo. O primeiro, envolve a liberação de insulina- um hormônio produzido pelo pâncreas e responsável por retirar açúcar da circulação sanguínea e enviá-lo às células, onde servirá como fonte de energia.

Indivíduos com diabetes apresentam problemas na produção ou na ação de insulina, ocasionando um acúmulo de açúcar no sangue e, consequentemente, problemas à saúde. Ao melhorar a liberação do hormônio, o Mounjaro facilita o controle da glicemia.

Os dados mostram que, entre os voluntários que tomaram a versão de 15 mg do Mounjaro, 51% deles conseguiram atingir uma hemoglobina glicada (HbA1c) inferior a 5,7% – patamares observados em pessoas que não têm a doença. “Isso faz dele a medicação mais potente que temos até o momento para tratar o diabetes tipo 2”, classifica o médico Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Diabetes: um problema de saúde global

O diabetes afeta aproximadamente 463 milhões de adultos mundialmente. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, o Brasil é o sexto país com mais casos da doença no mundo. Mais de 16,8 milhões de brasileiros sofrem com o descontrole nas taxas de glicemia, e esse número deve aumentar para 23,2 milhões até 2045.

O diabetes mellitus tipo 2 é uma das principais causas de insuficiência renal, cegueira, amputação e doença CV. Por isso, muitos especialistas comemoraram a decisão da Anvisa. “Quanto mais opções terapêuticas tivermos disponíveis e que sejam seguras e eficazes para tratar os pacientes melhor será o controle dessas doenças crônicas e, consequentemente, o paciente terá mais qualidade de vida”, afirma a endocrinologista Lorena Lima Amato.

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Mounjaro ou Ozempic?

Ozempic e Mounjaro são medicamentos usados no tratamento do diabetes tipo 2, mas eles possuem diferenças significativas em termos de seus componentes ativos e mecanismos de ação.

  1. Ozempic (Semaglutida):
    • Ozempic é um medicamento à base de Semaglutida, um agonista do receptor de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1).
    • Funciona imitando o GLP-1, um hormônio que ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue, principalmente após as refeições.
    • Além de reduzir a glicose no sangue, o Ozempic também pode ajudar na perda de peso e tem efeitos benéficos sobre os fatores de risco cardiovascular.
    • É administrado por injeção subcutânea uma vez por semana.
  2. Mounjaro (Tirzepatida):
    • Mounjaro contém Tirzepatida, um medicamento que age como um agonista duplo, atuando tanto nos receptores de GLP-1 quanto nos receptores de GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose).
    • Essa ação combinada ajuda a melhorar o controle da glicemia de maneira mais eficaz do que os medicamentos que atuam apenas em um desses receptores.
    • Além de controlar a glicose no sangue, o Mounjaro também é eficaz na promoção de perda de peso significativa.
    • Assim como o Ozempic, é administrado por injeção subcutânea, mas a frequência de dosagem pode variar.

Ambos os medicamentos são considerados avanços no tratamento do diabetes tipo 2, especialmente para pacientes que também precisam gerenciar o peso

O medicamento pode ser usado no tratamento da obesidade?

Pessoa aplicando o medicamento Mounjaro
Foto: Divulgação/Eli Lilly

Além de reduzir o nível de insulina, a tirzepatida retarda o esvaziamento do estômago, levando as pessoas a se sentirem saciadas por mais tempo. E ainda inibe os sinais de fome emitidos pelo cérebro, suprimindo o apetite. Assim, um dos efeitos colaterais do Mounjaro é a perda de peso. Por isso o remédio pode ser um grande aliado no controle do sobrepeso e da obesidade.

A semaglutida tem esse mesmo efeito, mas o que vem sendo observado nos estudos é que a dupla ação da tirzepatida traz resultados mais eficazes.

Ainda segundo o estudo apresentado pela farmacêutica, os pacientes diabéticos que usaram o Mounjaro perderam 12,4 quilos, em média. Os pesquisadores calculam que isso é o dobro do observado com a semaglutida. Já voluntários com obesidade ou sobrepeso que tinham comorbidades (doenças crônicas), mas não eram portadores de diabetes tipo 2, tiveram uma redução de peso em 26% (ou 28 quilos, em média). 

Essas informações positivas trazem novas esperanças para o tratamento da obesidade, um problema extremamente grave no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que a doença afeta 20,3% da população brasileira, ou seja, 6,7 milhões de pessoas.

Importante destacar que o uso de qualquer medicamento deve ser indicado e acompanhado por um médico. Também é preciso ressaltar que não existem milagres. O tratamento contra a obesidade deve ser multidisciplinar, envolvendo além da ação medicamentosa, uma dieta equilibrada, exercícios físicos e bons hábitos para a saúde mental.

Existem efeitos colaterais?

Assim como todo medicamento, o Mounjaro pode ocasionar reações adversas. Nos estudos clínicos, os principais sintomas apresentados pelos pacientes estavam relacionados à tolerabilidade gastrointestinal e diminuição do apetite, dentre eles náuseas, vômitos, alterações gastrointestinais, constipação e diarreia.

Qual será o preço do Mounjaro?

Após a aprovação regulatória da Anvisa, o medicamento passará pelo processo de precificação junto à CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) antes de ser liberado para comercialização. Por isso, ainda não há um preço definido para o produto. Em breve, você poderá adquiri-lo aqui na Farma 22.

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Fontes: 

BBC Brasil, CNN e Ministério da Saúde

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Autor: Farma22

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