Tudo indica que o Brasil enfrentará em 2024 a pior epidemia de dengue da história. Segundo o Ministério da Saúde, só nos quatro primeiros meses deste ano, houve 3.852.901 casos prováveis, o que representa mais que o dobro em relação a todo o ano passado.

Dados da pasta apontam para 1.792 óbitos confirmados por dengue desde janeiro, além de 2.216 mortes em investigação.

Dengue: Entenda tudo

Mas por que a dengue aumentou tanto? Segundo especialistas, essa alta expressiva é resultado de uma combinação de fatores, incluindo mudanças climáticas, urbanização, mobilidade humana, falta de controle eficaz de mosquitos, fatores socioeconômicos, surgimento de novos sorotipos e falhas na vigilância e resposta rápida. Fabio Baccheretti, presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), acrescenta ainda o comportamento da população como um agravante. “Até um ou dois meses atrás, as pessoas negligenciavam o problema do Aedes aegypti.

Agora que a dengue explodiu e talvez tenhamos o pior ano em número de casos na nossa história, vemos todo mundo preocupado e correndo atrás de água parada dentro de casa. Com as vacinas, o comportamento é parecido. Quando as pessoas pararam de ver a paralisia infantil, por exemplo, relaxaram na vacinação das crianças, que chegou a níveis muito baixos nos últimos anos. Quando se trata de doença, o relaxamento é perigoso”, afirma o médico.

O que é a dengue?

A dengue é uma infecção viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que também pode transmitir outras doenças, como a zika e a chikungunya. A dengue é causada por um dos quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4). Isso significa que uma pessoa pode ser infectada pela dengue até quatro vezes durante a vida, uma vez por cada sorotipo.

O ciclo de transmissão começa quando uma pessoa infectada é picada pelo mosquito Aedes aegypti. Ao se alimentar desse sangue, o mosquito adquire o vírus e, após um período de incubação, pode transmiti-lo a outras pessoas através de suas picadas.

O Aedes aegypti é um mosquito de hábitos diurnos, com maior atividade nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Ele se reproduz em ambientes com água parada, como vasos de plantas, pneus velhos, garrafas e recipientes que acumulam chuva.

Daí a importância de toda a sociedade estar atenta aos possíveis pontos de foco: “mesmo que uma pessoa faça o dever de casa e elimine os criadouros, ela ainda poderá pegar dengue, porque o mosquito consegue voar por cerca de um quarteirão. A negligência de uma pessoa pode afetar todas as que estão ao redor. É preciso que o pensamento seja coletivo”, comenta o dr  Baccheretti.

Sintomas de dengue

Os sintomas da dengue podem variar desde formas leves até casos graves, que chegam a ser fatais. A doença tem um período de incubação de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. Os efeitos geralmente começam de forma abrupta e incluem:

Sintomas iniciais

1. Febre alta: Podendo chegar a 40°C e surge de forma súbita.
2. Dor de cabeça intensa e frequente: Muitas vezes localizada na região atrás dos olhos.
3. Dor muscular e articular: Também conhecida como “febre quebra-ossos”, a dengue causa dores intensas nos músculos e articulações.
4. Náuseas e vômitos: São comuns e podem levar à desidratação, então atenção!
5. Fadiga extrema: A sensação de cansaço intenso pode persistir mesmo após a febre baixar.
6. Erupção cutânea: Em alguns casos, surge uma erupção vermelha na pele, semelhante à do sarampo.

Sintomas graves

Em casos avançados, a dengue pode evoluir para dengue hemorrágica ou síndrome do choque, que são condições potencialmente fatais. Os sintomas incluem:

1. Sangramentos: Nasal, gengival ou sob a pele, manifestado por pontos vermelhos chamados petéquias.
2. Dor abdominal: Severa e contínua.
3. Vômito: Episódios frequentes são preocupantes.
4. Dificuldade respiratória: Devido à acumulação de líquidos.
5. Hipotensão: Pressão arterial baixa pode levar ao choque.

É crucial procurar atendimento médico imediatamente se esse sintomas aparecerem, pois a dengue grave requer cuidados hospitalares.

Quais são os piores dias da dengue?

A pior fase da dengue geralmente ocorre entre o terceiro e o sétimo dia após o início dos sintomas. Durante este período, a febre pode diminuir,  dando uma falsa sensação de recuperação, mas não deve ser subestimada!

Isso porque é precisamente neste ponto que os vasos sanguíneos podem começar a vazar, causando acumulação de fluidos no abdômen e nos pulmões, gerando complicações como a dengue hemorrágica e o choque da dengue. Por isso, prestar atenção aos sinais citados acima é crucial e caso identifique algum deles, busque apoio médico imediato.

O que fazer para se recuperar da dengue?

A recuperação requer repouso, hidratação adequada e uma boa alimentação. Aqui estão algumas dicas importantes:

• Repouso: Evite atividades físicas intensas e descanse o máximo possível para permitir que o corpo se recupere.
• Hidratação: A dengue pode causar desidratação devido à febre alta, vômitos e perda de apetite. Beba muitos líquidos, como água, sucos naturais, sopas e soluções de reidratação oral recomendadas por um profissional de saúde.
• Alimentação: Embora o apetite possa estar reduzido, é importante manter uma alimentação equilibrada. Consuma alimentos leves e nutritivos, como frutas, legumes, sopas e caldos. Evite gorduras e industrializados.
• Monitoramento: Anote a frequência de febre, vômitos e quaisquer sinais de alerta. Informe qualquer mudança no quadro de saúde ao seu médico imediatamente.
• Uso de medicamentos: Utilize apenas aqueles prescritos e evite a automedicação, especialmente com remédios que podem agravar a situação – os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), por exemplo, podem aumentar o risco de sangramentos.

Qual o remédio devo tomar em caso de dengue?

Não existe um antiviral específico para a dengue. O tratamento é sintomático, visando aliviar os efeitos e prevenir complicações. Aqui estão algumas orientações, mas reforçamos que todos esses itens devem ser utilizados com orientação médica:

• Analgésicos e antitérmicos: como Paracetamol e Dipirona que têm ação antipirética (alívio da febre) e analgésica (alívio da dor). 
• O que evitar: Aspirina (ácido acetilsalicílico), Ibuprofeno e outros AINEs, pois podem aumentar o risco de sangramentos.
• Hidratação oral: Em casos de desidratação leve, soluções de reidratação oral podem ser recomendadas. Em casos graves, a reidratação intravenosa pode ser necessária, geralmente em ambiente hospitalar.
• Tratamento hospitalar: Quadros avançados requerem hospitalização para cuidados intensivos, como a administração de fluidos intravenosos, transfusões de sangue (se houver sangramento grave), e monitoramento contínuo dos sinais vitais.

Prevenção da dengue

A melhor maneira de evitar a dengue é prevenir as picadas de mosquito e eliminar criadouros do Aedes aegypti.

Eliminação de criadouros

1. Remova água parada: Verifique e esvazie regularmente recipientes que acumulam água, como vasos de plantas, pneus, garrafas e calhas.
2. Cubra recipientes de água: Tampe caixas d’água, cisternas e outros reservatórios.
3. Limpeza de ambientes: Mantenha quintais e terrenos limpos, descartando lixo de forma adequada.

Proteção pessoal

1. Uso de repelentes: Aplique repelente de insetos nas áreas expostas da pele, especialmente durante o dia.
2. Roupas adequadas: Use roupas de manga longa e calças compridas quando possível.
3. Telas de proteção: Instale telas nas portas e janelas para impedir a entrada de mosquitos.

Além disso, é importante que a sociedade participe e apoie campanhas de conscientização para reduzir a incidência da doença. A informação e a educação sobre a importância de eliminar criadouros e proteger-se contra picadas é a melhor arma contra a dengue!

A dengue é uma doença séria que requer atenção e cuidados adequados. Conhecer os sintomas, os piores dias da infecção, como se recuperar e quais medicamentos são recomendados é essencial para enfrentar essa doença.

A prevenção é a melhor estratégia, e medidas simples como eliminar criadouros de mosquitos e proteger-se contra picadas podem fazer uma grande diferença. Se suspeitar de dengue, procure atendimento médico imediatamente para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. Sua saúde e bem-estar são prioridade.