Alimentação infantil: entenda as dicas e sua importância

A alimentação infantil é um tema de grande importância para o desenvolvimento saudável das crianças. Isso porque os hábitos alimentares, além de essenciais para o crescimento e desenvolvimento, podem influenciar diretamente na saúde e bem-estar ao longo de toda a vida.

Como deve ser a alimentação das crianças?

O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos apresenta recomendações e informações importantes sobre essa fase. Veja só:

  • A saúde da criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos;
  • O ambiente familiar é espaço para a promoção da saúde;
  • Os primeiros anos de vida são importantes para a formação dos hábitos alimentares;
  • O acesso a alimentos adequados e saudáveis e à informação de qualidade fortalecem a autonomia das famílias;
  • A alimentação é uma prática social e cultural;
  • Adotar uma alimentação adequada e saudável é uma forma de fortalecer sistemas alimentares sustentáveis;
  • O estímulo à autonomia contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável com a alimentação.

Assim, é fundamental entender que a alimentação das crianças é uma tarefa coletiva familiar. Além disso, conhecer os alimentos saudáveis que devem ser oferecidos vão garantir uma nutrição adequada.

Como deve ser a alimentação na educação infantil de 0 a 6 anos?

Segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria, até os 6 meses de idade, a criança deve estar em amamentação exclusiva, ou seja, nenhum outro tipo de alimento precisa ser oferecido – nem água, ok? O leite materno, além de conter todos os nutrientes necessários ao bebê, possui a água que a criança precisa para a sua hidratação nesse período.

Inclusive, o primeiro leite produzido pela mãe, também conhecido como colostro, é considerado um superalimento! Isso porque, por si só, é repleto de substâncias essenciais e anticorpos para apoiar o sistema imunológico do bebê.

Além de desnecessária, a oferta de outros alimentos pode interferir na absorção de nutrientes importantes existentes no leite materno, como o ferro e o zinco. Em alguns casos, a família opta pelas fórmulas infantis, uma alternativa segura para o primeiro ano de vida. 

Os benefícios da amamentação vão além da simples nutrição, abrangendo aspectos emocionais, imunológicos e cognitivos:

  • Nutrição completa: o leite materno contém a quantidade perfeita de proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, adaptados às necessidades específicas de cada bebê;
  • Proteção contra doenças: o leite materno é rico em anticorpos e substâncias imunológicas que ajudam a proteger o bebê contra uma variedade de doenças, incluindo infecções respiratórias, gastrointestinais e alergias. Dessa forma, eles têm menor incidência de doenças e menos chances de serem hospitalizados;
  • Vínculo emocional: a amamentação promove um vínculo afetivo único entre mãe e bebê, pois o contato pele a pele libera hormônios que proporcionam conforto, segurança e proximidade emocional;
  • Benefícios para a mãe: ajuda a reduzir o risco de hemorragia pós-parto, promove a contração do útero, auxilia na perda de peso pós-gestacional e reduz o risco de câncer de mama e ovário.

No entanto, a amamentação pode não ser um processo fácil para muitas mulheres – principalmente nos primeiros dias após o nascimento e para as mães de primeira viagem. Exige paciência, informação e apoio. Confira algumas dicas:

  • Busque apoio: tanto de obstetras e pediatras, como de enfermeiras especializadas em amamentação e consultoras de lactação. Existem bancos de leite que oferecem essa consultoria gratuitamente; 
  • Posição confortável: existem várias posições diferentes para amamentar (berço, futebol, deitada). Experimente até encontrar a que seja mais confortável e eficaz para ambos. Além de objetos que podem ajudar como almofadas e poltronas;
  • Estímulo precoce: inicie a amamentação logo após o nascimento, preferencialmente na primeira hora de vida do bebê. O estímulo precoce da sucção ajuda a estabelecer a produção de leite e fortalece o vínculo entre mãe e bebê;
  • Sucção correta: certifique-se de que o bebê está fazendo uma “pega” eficaz, abocanhando não apenas o mamilo, mas também uma parte da aréola. Isso garante uma alimentação mais eficiente e reduz o risco de fissuras e dor nos mamilos;
  • Alimentação balanceada e hidratação: mantenha uma alimentação saudável e balanceada, rica em frutas, verduras, legumes, cereais integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis; além de ingerir bastante água ao longo do dia para garantir uma produção de leite de qualidade.

Qual a forma correta de realizar a introdução alimentar?

A partir dos seis meses, o leite materno deve ser mantido, mas o sistema digestivo do bebê já está maduro para receber também outros alimentos. É quando se inicia a chamada “introdução alimentar”, o período em que as crianças saem da exclusividade do leite materno ou da fórmula e começam a explorar o mundo dos alimentos sólidos.

Essa é uma etapa crucial para promover uma rotina alimentar equilibrada e prevenir muitas doenças, como a obesidade. “O ideal é fazer a introdução lenta e gradual dos alimentos para avaliar a aceitação da criança, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais para continuar protegendo a criança contra doenças”, explicam as nutricionistas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Ana Lúcia Cunha e Giovana Salgado.

No início, a criança deverá receber a comida amassada com garfo. Em seguida, deve-se evoluir para alimentos picados em pedaços pequenos, raspados ou desfiados, para que a criança aprenda a mastigá-los. Não ofereça preparações líquidas e nem use liquidificador, mixer ou peneira.

Se a criança continuar ingerindo apenas consistência líquida, terá dificuldade em aceitar alimentos mais sólidos no futuro, podendo apresentar engasgo e ânsia de vômito. Na introdução alimentar já é possível oferecer água mesmo que mantenha-se o aleitamento. 

A alimentação das crianças deve ser balanceada e variada, contemplando todos os grupos alimentares necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável. Isso significa que as refeições devem conter carboidratos, proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais.

É importante incentivar o consumo de frutas, legumes, verduras, cereais integrais, proteínas magras e fontes de cálcio e preparar refeições caseiras sempre que possível  com óleo vegetal em pequena quantidade, temperos naturais (como cebola, alho, salsa, coentro e demais ervas e especiarias) e com uma quantidade mínima de sal.

Ao mesmo tempo, evitar alimentos industrializados, ricos em açúcares, gorduras trans e sódio, para prevenir doenças como obesidade, diabetes e hipertensão

Além disso, busque respeitar o apetite da criança: “se a criança é forçada a comer de forma contínua ela vai perdendo gradativamente sua percepção de saciedade, levando a um risco aumentado para desenvolvimento de excesso de peso e obesidade nos anos seguintes”, afirma Giovana Salgado.

No início é normal que as crianças tenham alguma resistência, aceitando pouca quantidade ou apenas experimentando os alimentos. Fique calma e lembre-se de que é tudo novidade para ele. À medida que o bebê cresce e se desenvolve, essa quantidade aumenta gradativamente. É preciso respeitar o tempo e a individualidade da criança. 

Caso seu filho (a) ainda esteja sendo amamentado, não se preocupe, pois o leite irá fornecer os ingredientes necessários. Mas é claro que o acompanhamento pediátrico é imperativo para garantir a saúde infantil.

O especialista irá avaliar se a quantidade de alimentos consumida está adequada é avaliar o crescimento por meio do peso e da altura da criança. 

Procure acompanhar também aquilo que é oferecido em escolas e creches. Os profissionais responsáveis devem ser capacitados para preparar cardápios balanceados e nutritivos, com opções que incentivem o consumo de alimentos saudáveis, atendendo às necessidades nutricionais de cada faixa etária, respeitando as preferências e restrições alimentares individuais.

Quais são os alimentos saudáveis para crianças?

Os alimentos saudáveis para crianças são aqueles que fornecem os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento, sem excesso de açúcares, gorduras trans e sódio. Alguns exemplos incluem:

  • Frutas: ricas em vitaminas, minerais e fibras, são ótimas opções para lanches e sobremesas;
  • Legumes e verduras: fontes de vitaminas, minerais e antioxidantes, devem estar presentes em todas as refeições;
  • Cereais integrais: ricos em fibras e nutrientes, ajudam a regular o funcionamento do intestino e proporcionam energia de forma gradual;
  • Proteínas magras: carnes magras, peixes, ovos, tofu e leguminosas são boas fontes de proteínas importantes para o crescimento e desenvolvimento muscular;
  • Leite e derivados: fontes de cálcio e proteínas, contribuem para a formação de ossos e dentes saudáveis.

É importante oferecer uma variedade desses itens para garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários e prevenir deficiências como a anemia. “Sempre que possível, ofereça carne nas refeições, e uma vez na semana vísceras ou miúdos, além de vegetais folhosos e feijões, que são boas fontes de ferro.

Para que essa substância seja melhor absorvida, estes alimentos devem ser consumidos junto com aqueles ricos em vitamina C, como por exemplo laranja, limão, goiaba e acerola”, recomendam as nutricionistas.

Quantas refeições a criança deve fazer por dia?

A quantidade de refeições que uma criança deve fazer por dia pode variar de acordo com a faixa etária e o ritmo de crescimento. Em geral, recomenda-se pelo menos cinco, distribuídas da seguinte forma:

  • Café da manhã: uma refeição importante para repor as energias após o período de jejum durante a noite;
  • Lanche da manhã e da tarde: mantém o metabolismo ativo e evita a fome excessiva até o almoço.
  • Almoço: a principal refeição do dia, deve fornecer uma variedade de nutrientes para garantir o bom funcionamento do organismo.
  • Jantar: uma refeição leve, que deve ser consumida algumas horas antes de dormir para facilitar a digestão.

Nas pequenas refeições, como café da manhã, lanches da manhã e da tarde, o leite materno continua sendo um alimento importante e deve ser oferecido até 2 anos ou mais de idade, sempre que a criança quiser.

Após os 6 meses, além do leite materno, ofereça alguma fruta e após 1 ano de idade, pode-se alternar, oferecendo, em alguns dias, um alimento do grupo dos cereais, raízes ou tubérculos no lugar da fruta, conforme o hábito da família. 

Já para almoço e jantar, sempre que possível, monte o prato combinando um alimento de cada grupo: feijões; cereais ou raízes ou tubérculos; carnes ou ovos; legumes e verduras.

No caso de legumes e verduras, quando possível, pode-se colocar mais de uma opção. Para completar a refeição, pode-se oferecer um pedaço de fruta, junto ou logo após a refeição. 

Criar um ambiente tranquilo e agradável também contribui para que os pequenos associam a hora de comer a momentos positivos e prazerosos. E fazer as refeições junto com a família ajuda a incentivar a criança a experimentar novos alimentos, por isso, é importante que, desde o começo da introdução alimentar, ela se sente à mesa. “A criança que vê os pais comendo fica mais propensa a experimentar os alimentos novos.

No entanto, elas não devem experimentar de tudo, como por exemplo, iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, salgadinhos, refrigerantes, frituras, cafés, embutidos, enlatados, chás e doces. Por isso, é importante que os pais tenham bons hábitos alimentares”, comenta Ana Lúcia Cunha. 

A alimentação infantil desempenha um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento das crianças. Oferecer refeições balanceadas e nutritivas, respeitando as preferências e restrições alimentares individuais, é essencial para garantir a saúde e o bem-estar desde os primeiros anos de vida.

Photo of author

Autor: Farma22

Deixe um comentário

Voltar ao Topo