A introdução alimentar é um momento marcante na vida de um bebê e seus pais. É o período em que as crianças saem da exclusividade do leite materno ou fórmula e começam a explorar o mundo dos alimentos sólidos. Essa é uma etapa crucial para promover uma rotina alimentar equilibrada e prevenir muitas doenças, como a obesidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde a obesidade infantil já é considerada uma epidemia mundial. O Brasil está em 5º lugar entre os países com maior número de crianças e adolescentes com obesidade até 2030, e uma em cada 3 crianças está com sobrepeso ou obesidade no País. “O leite materno é sempre a melhor opção e, por isso, aconselhamos a amamentação exclusiva até os seis meses e até pelo menos os 2 anos”, diz a nutricionista Inês Rugani. “A partir dos seis meses a introdução alimentar é recomendada, mas deve-se priorizar alimentos naturais e com ampla variedade de nutrientes, o que infelizmente nem sempre ocorre”.
Por isso, é essencial que os pais entendam o que é a introdução alimentar, por que esse processo é tão importante e quais são as principais recomendações.
O que é introdução alimentar?
A introdução alimentar refere-se ao período em que os bebês começam a receber alimentos sólidos além do leite materno ou fórmula. A Organização Mundial de Saúde recomenda que o aleitamento materno seja feito de maneira exclusiva até o sexto mês de vida do bebê.
Após esse período, inicia-se a introdução alimentar, pois quando o sistema digestivo da criança já está mais desenvolvido e demonstra sinais de prontidão para novos alimentos. No entanto, esse processo deve ser realizado de forma gradual, lenta e em conjunto com o aleitamento materno, preferencialmente, até os dois anos de idade.
É um momento emocionante para os pais, pois marca a transição de uma dieta exclusivamente líquida para uma que inclui uma variedade de sabores, texturas e nutrientes essenciais. Tornando-se uma oportunidade também para que a criança desenvolva outros sentidos além do paladar.
Qual a importância?
A introdução alimentar é mais do que apenas uma mudança na dieta; é um marco no desenvolvimento infantil, já que influencia as preferências alimentares e os hábitos alimentares ao longo da vida. Além de desempenhar um papel crucial no desenvolvimento físico e cognitivo do bebê.
Até os seis meses, o leite materno ou a fórmula fornece todos os nutrientes necessários para o crescimento saudável. No entanto, a introdução de alimentos sólidos é fundamental para atender às crescentes necessidades nutricionais da criança.
Mas para garantir todos esses benefícios, é necessário que a introdução alimentar seja variada e nutritiva, rica em alimentos in natura ou minimamente processados de diferentes grupos. “O número de refeições ao longo do dia e a quantidade de alimentos oferecidos devem aumentar conforme a criança cresce para suprir suas necessidades”, informa o Guia Prático de Alimentação para crianças de 0 a 5 anos elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
- Desenvolvimento nutricional: os alimentos sólidos oferecem uma gama mais ampla de nutrientes, como ferro, zinco e vitaminas essenciais para o desenvolvimento cerebral, a formação de ossos e o fortalecimento do sistema imunológico.
- Desenvolvimento motor: a introdução de alimentos sólidos estimula o desenvolvimento motor oral, ajudando na coordenação necessária para mastigar e engolir alimentos mais complexos.
- Desenvolvimento sensorial: ao experimentar diferentes sabores, texturas e aromas, o bebê desenvolve suas preferências alimentares e amplia seu paladar, influenciando seus hábitos alimentares no futuro.
- Estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis: a introdução alimentar é uma oportunidade para os pais promoverem hábitos alimentares saudáveis, oferecendo uma variedade de alimentos nutritivos desde o início.
Como iniciar a introdução alimentar?
Essa é uma fase de descobertas que pode ser muito divertida. Mas também requer cuidado e atenção. Confira algumas dicas para tornar esse processo suave e agradável para a família toda:
- Observe sinais de prontidão: apesar de termos esse marco dos seis meses, busque observar se o bebê realmente está pronto para iniciar essa fase. Sinais comuns incluem a capacidade de sentar sem apoio, interesse em alimentos, perda do reflexo de empurrar a língua e a capacidade de segurar a cabeça.
- Introduza um alimento de cada vez: comece com comidas simples e individuais, como purê de batata doce, cenoura ou abacate. Isso facilita a identificação de qualquer reação alérgica e permite que o bebê se acostume com um novo sabor de cada vez.
- Atenção à consistência: no início, os alimentos devem ter uma textura suave e pastosa para evitar o risco de engasgo. Conforme o bebê se acostuma, a consistência pode ser ajustada gradualmente.
- Ofereça variedade nutricional: introduza uma variedade de alimentos ricos em nutrientes para garantir que o bebê receba uma gama completa de vitaminas e minerais. Isso inclui frutas, legumes, cereais integrais e proteínas.
- Esteja atento a reações alérgicas: como erupções cutâneas, inchaço ou desconforto abdominal. Se houver preocupações, consulte um pediatra.
- Estimule a independência: à medida que o bebê desenvolve habilidades motoras, incentive a independência, permitindo que ele segure pequenos pedaços de alimentos e experimente diferentes texturas.
É importante que os alimentos sejam frescos, higienizados e o cozimento deve ser feito sem sal, pelo menos durante o 1º ano de vida da criança. “Para dar mais sabor ao alimento é possível adicionar cebola, cheiro verde e temperos naturais. Porém é preciso tomar cuidado com o alho e temperos muito fortes”, indica a médica pediatra e professora de Medicina da PUC-PR, Adriana Oliveira.
Os especialistas não recomendam a ingestão de açúcar, que não traz benefício nenhum para a saúde do bebê. “Se quiser ofertar algum doce, as frutas são os alimentos recomendados, pois já têm açúcar próprio”, sugere Adriana.
Válido lembrar que o hábito de comer a mesma comida e ainda na companhia dos familiares beneficia o aprendizado da criança.
Essas são recomendações gerais. É importante consultar seu pediatra antes de iniciar a introdução alimentar, pois o profissional irá fornecer orientações específicas com base no desenvolvimento único do seu bebê e ajudar a garantir uma transição suave para os alimentos sólidos.
Raspar o prato? Nada disso
Você já deve ter ouvido alguém dizer: “tem que raspar o prato”! Especialmente para as crianças. Mas os nutricionistas vêm chamando cada vez mais a atenção para esse péssimo hábito. O importante não é que a criança coma tudo, mas que esteja satisfeita. Afinal, assim como os adultos, elas também possuem seus limites.
Assim, é importante estar atento aos sinais de saciedade. “Se a criança comer tudo e demonstrar que quer mais, pode servir mais um pouco. Por outro lado, se ela não quiser comer tudo que foi servido, isso deve ser respeitado”, comenta Elisa Maria de Aquino Lacerda, professora de nutrição materno-infantil do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Dentre esses sinais, estão: a criança empurra o prato, vira o rosto para o lado, empurra a colher. Para ter certeza de que seu filho está comendo bem, o pediatra irá analisar a curva de crescimento, que está presente na Caderneta de Saúde da Criança .