A intolerância à lactose é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Só no Brasil, metade da população tem predisposição genética para a condição, segundo o levantamento “O perfil do DNA do brasileiro na saúde e bem-estar”, feito pelo laboratório Genera.
O estudo analisou dados de 200 mil DNAs de todas as regiões brasileiras e indica que 51% da população pode desenvolver intolerância ao açúcar do leite.
Contudo, o número de diagnósticos ainda é bem baixo justamente porque as pessoas não procuram orientação profissional. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que somente 4% dos entrevistados que apresentaram sintomas buscaram auxílio médico.
O que é intolerância à lactose e quais os sintomas?
A intolerância à lactose é uma condição digestiva em que o organismo não produz uma quantidade suficiente da enzima lactase, responsável por quebrar a lactose, o chamado açúcar do leite. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, como a glicose e a galactose, para a melhor absorção do nutriente.
Quando isso não acontece, a lactose chega ao intestino grosso inalterada. Ali, se acumula e é fermentada por bactérias que fabricam ácido lático e gases, promovem maior retenção de água e o aparecimento de diarreias e cólicas.
Esta condição não deve ser confundida com a alergia ao leite, que é uma reação imunológica às proteínas do leite. A mais comum é a alergia ao leite de vaca, que pode provocar alterações no intestino, na pele e no sistema respiratório (tosse e bronquite, por exemplo). “Ambas as doenças podem apresentar quadros com diarréia, vômito e dificuldade para ganhar peso. Mas, nos casos de alergia, existem manifestações como urticária (placas avermelhadas que coçam), angioedema (inchaço dos lábios e outras partes do corpo), chiado do peito e até mesmo reações anafiláticas”, explica Marta Guidacci, médica especialista em alergia e imunologia.
Quais os tipos de intolerância?
Existem várias razões pelas quais uma pessoa pode desenvolver intolerância à lactose:
- Deficiência primária de lactase: a maioria dos casos de intolerância à lactose é resultado de uma diminuição natural na produção de lactase com o passar do tempo. Esse declínio geralmente ocorre após a infância e pode variar em gravidade entre as pessoas.
- Deficiência secundária de lactase: algumas condições de saúde, como infecções intestinais, doença celíaca, doença de Crohn, entre outras, podem causar uma diminuição temporária na produção de lactase.
- Condições genéticas: a criança nasce com uma condição genética que impossibilita a produção da lactase.
- Envelhecimento: à medida que as pessoas envelhecem, a produção de lactase tende a diminuir, o que pode levar ao desenvolvimento de intolerância à lactose.
- Fatores ambientais: a exposição frequente à lactose pode influenciar a produção de lactase. Em comunidades onde a ingestão de laticínios é limitada, é mais provável que a intolerância à lactose se desenvolva.
Quais os sintomas de hipolactasia?
Os sintomas da intolerância à lactose incluem uma série de desconfortos digestivos que geralmente começam algumas horas após a ingestão de produtos lácteos. “A quantidade de lactose causa sintomas variantes de indivíduo para indivíduo, dependendo da dose de lactose ingerida, o grau de deficiência de lactase e a forma de alimento consumido”, comenta a nutricionista Kimielle Cristina Silva.
Apesar de os problemas não serem perigosos eles podem ser bastante desconfortáveis. Entre os sintomas mais comuns estão:
Como diagnosticar essa condição?
Caso você sinta os sintomas mencionados, é preciso procurar um especialista.
O diagnóstico consiste na avaliação clínica e na realização do teste de intolerância à lactose. Para este exame, o paciente recebe uma dose de lactose em jejum e, por cerca de duas horas, a equipe de enfermagem colhe amostras de sangue para medir os níveis de glicose. Se a pessoa for intolerante, esse índice permanecerá inalterado.
Em alguns casos, o médico poderá solicitar exames complementares, como o teste de hidrogênio na respiração e o teste de acidez nas fezes.
Como tratar a intolerância à lactose?
A intolerância à lactose não é uma doença, mas sim uma carência do organismo. Dessa forma, a condição pode ser controlada com uma dieta voltada à redução de alimentos ricos nessa substância. Optar por produtos lácteos com baixo teor de lactose ou escolher alternativas como leites à base de plantas vai ajudar a reduzir os sintomas.
Outra dica bacana é incorporar alimentos ricos em probióticos, como o iogurte, que podem ajudar a promover o equilíbrio da flora intestinal e melhorar a tolerância à lactose.
Além disso, existem medicamentos, como a lactase, que podem ser tomados antes das refeições para auxiliar na digestão da lactose.
Consulte um nutricionista e um gastroenterologista para entender qual seu nível de intolerância e qual a melhor abordagem terapêutica.
Confira essas dúvidas muito comuns:
- Produtos zero lactose não tem lactose?
Não! Na verdade, os produtos rotulados como “zero lactose” apresentam sim a substância, mas já quebrada, isto é, pré-digerida pois possuem a enzima lactase em sua fórmula.
- Se o bebê tem intolerância à lactose, a mãe pode amamentar?
Em geral sim, pois o leite materno, apesar de conter lactose, é facilmente digerido pelo bebê e não provoca intolerância. Contudo, sempre siga as orientações do pediatra.
A intolerância à lactose é uma condição comum, mas compreender seus sintomas, tipos e opções de tratamento pode permitir que as pessoas gerenciem efetivamente sua dieta e levem uma vida saudável.
Ao adotar uma abordagem consciente em relação aos alimentos e buscar orientação profissional, é possível minimizar o impacto dessa condição e desfrutar de uma dieta rica em nutrientes.