O método interrompe a menstruação e alivia os diversos efeitos da TPM, por isso, tem ganhado cada vez mais adeptas. Mas o uso do anticoncepcional de uso contínuo deve ter acompanhamento médico.
O universo da saúde reprodutiva tem visto avanços significativos ao longo das décadas, proporcionando às pessoas opções mais diversas para o controle da fertilidade. Uma delas é o anticoncepcional de uso contínuo, uma abordagem inovadora que oferece liberdade e conveniência para mulheres que desejam evitar a gravidez.
Existem diversos métodos anticoncepcionais de uso contínuo, como o implante subcutâneo, chamado Implanon, ou o DIU hormonal. Neste artigo vamos focar nas pílulas orais.
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O que é o anticoncepcional de uso contínuo?
A pílula hormonal de uso contínuo é uma alternativa ao método tradicional de tomar pílulas anticoncepcionais em um ciclo de 21 ou 28 dias, seguido por um intervalo de sete dias. Nessa quebra, a ausência dos hormônios presentes nas pílulas pode levar ao sangramento menstrual.
Com o anticoncepcional de uso contínuo, não há esse intervalo. As pílulas anticoncepcionais são compostas por estrogênios e progesterona ou apenas por progesterona. Esse aumento nos níveis hormonais fará com que os fenômenos naturais que possibilitam a gravidez não ocorram mais, reduzindo a chance de engravidar para próximo de zero (válido reforçar essa questão porque nenhum método contraceptivo é 100% eficaz).
A pessoa deve tomar a pílula todos os dias, sem interrupções, mantendo níveis hormonais constantes no corpo. Isso muitas vezes resulta em períodos menstruais mais leves, menos intensos ou até mesmo na ausência total de menstruação para algumas mulheres.
Vantagens do uso contínuo
Maior liberdade
A principal vantagem do anticoncepcional de uso contínuo é a liberdade que esse medicamento oferece. Isso porque as mulheres não precisam se preocupar com a contagem de dias, uma vez que tomam a pílula diariamente. O que pode ser especialmente benéfico para aquelas pessoas com rotinas irregulares ou que frequentemente esquecem de tomar a pílula nos horários corretos.
Redução do sangramento
A possibilidade de reduzir ou eliminar completamente o sangramento menstrual é mais um atrativo para muitas mulheres. Além de proporcionar conforto durante o período, isso também pode ser benéfico para aquelas que sofrem com dores associadas à menstruação, explica o dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP
“O método traz diversos benefícios, como a redução das alterações hormonais e, por isso, traz melhorias no controle da TPM e eventual redução das cólicas e de outros desconfortos comuns neste período. Por outro lado, pode haver pequenas perdas de sangue de forma esporádica ao longo do mês, chamadas de escape, especialmente nos primeiros meses de uso do método”.
Controle dos sintomas
O anticoncepcional de uso contínuo também pode ser usado para controlar sintomas de condições como a endometriose e a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Ao manter níveis hormonais estáveis, esses problemas podem ser gerenciados de forma mais eficaz.
As dúvidas mais comuns
Muitas mulheres questionam se a pílula é prejudicial de alguma forma. Não há qualquer comprovação científica de que o anticoncepcional de uso contínuo cause algum prejuízo à saúde e ele pode, sim, ser utilizado por um longo período de tempo.
Outra pergunta comum relaciona-se à possibilidade de infertilidade. O anticoncepcional de uso contínuo tem a capacidade de parar a ovulação por um período, porém trata-se de um processo reversível. Dessa forma, assim que a mulher cessa o uso do remédio, ela já se encontra apta para engravidar independentemente do tipo de remédio utilizado ou do tempo de tratamento.
Quanto aos efeitos colaterais, isso dependerá de cada paciente e da quantidade de hormônio presente no medicamento indicado pelo médico. De forma geral, os efeitos mais comuns são: náuseas, vômitos, ganho de peso devido à retenção de líquidos, diminuição da libido e complicações tromboembólicas.
Existem contraindicações ao anticoncepcional de uso contínuo?
Como todo medicamento, o anticoncepcional de uso contínuo apresenta riscos que devem ser explicados à paciente pelo médico. “No caso dos anticoncepcionais orais, pelo fato de trazem a maior concentração de hormônios dentre todos os métodos contraceptivos existentes hoje no mercado, nem sempre será o método mais indicado para todas as pacientes”, alerta o Dr. Alexandre.
Ou seja, como qualquer método contraceptivo, esse remédio tem suas próprias considerações e efeitos colaterais potenciais. Algumas mulheres podem experimentar irregularidades no sangramento, sensibilidade mamária, náuseas ou outros sintomas.
A indicação do método contraceptivo levará em conta o histórico de saúde da paciente e fatores, como, por exemplo, se a mulher está ou não amamentando. Assim, é muito importante que a avaliação para o uso seja individualizada, feita por um médico e reavaliada periodicamente. “No caso de mulheres com histórico de tabagismo, hipertensão, obesidade ou diabetes, é preciso especial atenção para o aumento do risco cardiovascular, incluindo a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), infarto e trombose. Para estas mulheres, é preciso buscar opções mais seguras”, afirma o especialista.
Quando começar a tomar anticoncepcional de uso contínuo?
O momento ideal para começar a tomar anticoncepcional de uso contínuo depende de vários fatores e deve ser decidido em consulta com um médico ou ginecologista. Aqui estão algumas diretrizes gerais:
- Primeira Consulta com o Médico: Antes de começar qualquer método anticoncepcional, é importante ter uma consulta com um profissional de saúde para avaliar seu histórico médico e discutir as melhores opções para você.
- Primeiro Dia da Menstruação: Muitos médicos recomendam começar a tomar a pílula anticoncepcional no primeiro dia do ciclo menstrual (o primeiro dia da menstruação). Isso oferece proteção contraceptiva imediata.
- Domingo Seguinte à Menstruação: Outra opção comum é começar a pílula no domingo após o início da menstruação. Nesse caso, pode ser necessário usar um método contraceptivo adicional (como preservativos) durante a primeira semana de uso.
- Qualquer Dia: Se você não estiver menstruando (por exemplo, após o parto ou durante a amamentação), é possível iniciar o anticoncepcional em qualquer dia, mas deve-se usar um método contraceptivo adicional durante os primeiros 7 dias de uso das pílulas.
- Após Outras Formas de Contracepção: Se você está mudando de um método anticoncepcional para outro, seu médico fornecerá orientações específicas sobre quando fazer a transição.
- Condições de Saúde Específicas: Em alguns casos, como certas condições médicas ou riscos de saúde, o médico pode dar orientações específicas sobre quando começar a tomar o anticoncepcional.
Atenção às orientações médicas
O anticoncepcional de uso contínuo representa uma opção moderna e conveniente para mulheres que desejam ter mais controle sobre sua fertilidade e menstruação. Com a eliminação do intervalo de placebo, essa abordagem oferece maior liberdade e pode ser uma solução eficaz para aquelas pessoas que desejam reduzir o sangramento menstrual, controlar sintomas relacionados a condições específicas e simplificar sua rotina contraceptiva.
No entanto, é essencial que cada mulher avalie suas necessidades e consulte um profissional de saúde para determinar se o anticoncepcional de uso contínuo é a escolha certa para ela. Na consulta, importante informar ao profissional sobre os antecedentes familiares, especialmente relacionados a trombose, AVC e doenças cardiovasculares.
“Assim como qualquer medicamento, tome os anticoncepcionais corretamente e relate ao médico em caso de aparecimento de qualquer sintoma inesperado, tais como dores de cabeça constantes, hemorragias, dores abdominais, alteração visual de aparecimento súbito ou dor e sensação de peso nos membros inferiores”, orienta o dr Alexandre.
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Boa tarde!
Gostaria que tirassem uma duvida. Estou com cisto de endometriose no ovário direito e meu ginecologista pediu pra interromper meu anticoncepcional para tomar outro de uso continuo. Isso foi em abril. Aguardei a pausa do medicamento anterior pra começar. No dia 25 de abril dei a pausa e a menstruarão deveria descer e não desceu até o sétimo dia da pausa, foi quando tomei o primeiro comprimido do medicamento em uso continuo. A noite desse mesmo dia comecei a sentir cólica forte. No dia seguinte ela passou e começou um corrimento marrom escuro e esse corrimento está até hoje. Está tanto que preciso trocar o absorvente dia-a-dia 4 vezes ao dia pra não vazar. Ainda sinto dor abaixo do umbigo. Seria isso uma reação comum da troca do medicamento habitual pelo de uso continuo? Visto que começou exatamente na data em que a menstruação viria anteriormente? Hoje observei que está mais vermelho o corrimento e de marrom borra de café esta mais avermelhado. Estaria menstruando? O atraso no setimo dia da pausa em abril seria gravidez e eu não sabia e por isso isto está acontecendo?